Ismael Ferreira, 20 anos, levava cerca de 50 minutos para se deslocar desde Novo Hamburgo, onde mora, até Canoas, cidade sede da empresa de programação em que trabalha. O trajeto diário incluía um ônibus até a estação mais próxima da Trensurb, a Santo Afonso, e o trem até o destino final. No término do expediente, eram mais 50 minutos de percurso na direção contrária.
Na tarde de ontem, após deixar o trabalho, no entanto, o estudante de Ciências da Computação desembarcava no centro de Novo Hamburgo. Chegava de trem. E comemorava a abertura de três novas estações da linha, que constituem a segunda e última etapa da expansão do metrô até o Vale do Sinos. Para ele, o prolongamento dos trilhos tem efeito prático na rotina: a economia de mais de 20 minutos por trecho percorrido.
— Posso dormir mais pela manhã e, antes de ir para a faculdade à noite, ainda conseguirei passar em casa e tomar um banho ou descansar. A vinda do trem até o centro da cidade garantirá pelo menos 40 minutos a mais no meu dia — afirma Ismael.
As estações Industrial, Fenac e Novo Hamburgo funcionam, pelo menos até sexta-feira, das 12h às 16h. O intervalo entre um trem e outro é de 10 minutos. Neste período de pré-operação, ainda sem previsão de término, o acesso ao sistema metroviário através dessas três novas estações será isento de cobrança de passagem.
— A operação parcial é uma etapa necessária, pois permite avaliar o comportamento dos sistemas operacionais e a familiarização dos funcionários com as novas instalações. É um período de adequação que deve seguir pelo menos até sexta-feira, quando a equipe técnica fará uma avaliação — explica o engenheiro Lino Sérgio Fantuzzi, diretor-geral de obras da Trensurb.
A estimativa é de que as novas estações tragam um acréscimo de 30 mil passageiros por dia. Entre eles, estarão os aposentados Adão Martins, 72 anos, e a esposa Doraci, 65. Morador do entorno da estação central de Novo Hamburgo, o casal acompanhou as obras desde o início e, na tarde de ontem, tirou um tempo para conferir de perto o resultado da espera.
— Acompanhamos toda a construção da estação. E hoje pudemos comprovar que realmente a obra é uma das mais belas que Novo Hamburgo já recebeu. Amanhã já tomamos o primeiro trem em direção ao Mercado Público de Porto Alegre. Aí já viu, em casa vai ter erva nova e peixe fresco toda a semana — brinca Adão.
Obra está orçada em R$ 953 milhões
— A primeira etapa da expansão, que compreende 4,9 quilômetros de via permanente e duas estações (Rio dos Sinos, em São Leopoldo, e Santo Afonso, em Novo Hamburgo) foi inaugurada em julho de 2012.
— A segunda etapa, que segue até o centro de Novo Hamburgo e está em fase de pré-operação, tem 4,4 quilômetros de via e três estações (Industrial, Fenac e Novo Hamburgo).
— O empreendimento adiciona, no total, mais 9,3 quilômetros de Linha 1, atingindo 43,4 quilômetros de extensão, de Porto Alegre a Novo Hamburgo, percorridos em aproximadamente 53 minutos.
— O valor da obra é de R$ 953 milhões. O orçamento inclui serviços complementares, como a reurbanização dos entornos das cinco estações, construção de uma ponte rodoviária sobre o Rio dos Sinos, novo sistema viário em São Leopoldo, melhoramento hidrodinâmico do Arroio Luiz Rau, reassentamento de 730 famílias e atualização tecnológica do Centro de Controle Operacional da Trensurb.
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