Ciclista e matemático, o paranaense Renato Cesar Brodzinski elaborou um curioso trabalho para mostrar como a sociedade contemporânea desperdiça recursos no transporte urbano individual.
O texto é longo e merece ser estudado, mas vamos arriscar uma leitura "em diagonal" para facilitar o trabalho aos mais preguiçosos.
A pergunta central é
Qual a potência relativa necessária para o deslocamento urbano?
De bicicleta, a 20 km/h ou 30 km/h, a potência gira em torno de 3 watts por quilograma, considerando a bicicleta e o ciclista. Os dados são aproximados e baseados no cálculo feito sobre o desempenho do ciclista Fabian Cancellara no Tour de France, que alcança até 80 km/h em terreno plano, mas teve uma média de 53 km/h. Na prova ele atingiu uma potência média de 543 watts, ou 6,03 watts por quilograma transportado (o peso dele mais o da bicicleta).
Veículos pesados, como o caminhão Mercedes-Benz Actros 2546 LS Multiuso, com potência máxima de 456 CV (ou 335.388 W), com a carga máxima total de 48.500 kg desenvolvem a potência relativa de 6,92 W/kg, bem próxima à de um ciclista de alto desempenho.
Como comparação, Renato tomou um carro simples, o Fiat Siena 1.0, que tem 990 kg e potência máxima de 61 CV (ou 44.865,5 W) e chegou à relação de 42 watts por kilograma! E mesmo se entupirmos o carro com cinco pessoas de 100 quilos, 50 quilos de gasolina e mais 100 quilos de bagagens, a potência relativa ainda fica em 27,36 W/kg.
Outro exemplo, agora com motocicletas. Renato pegou uma das mais básicas do mercado brasileiro, a CG 125, que tem 11,6 cv (8.531,8 w) e 105 kg de peso. A relação, mesmo com duas pessoas gordinhas, cada uma com 100 kg dá quase 28 watts/kg, ou cinco vezes a potência relativa de um dos ciclistas mais velozes do mundo.
O artigo traz vários outros exemplos e mostra que há potência de sobra em absolutamente todos os veículos motorizados em circulação pelas ruas do Brasil.
Por fim, Renato defende a redução da velocidade no meio urbano, para algo em torno de 30 ou 40 km/h, bem mais do que a média normal no dia a dia das cidades, mas suficiente para reduzir ruído e acidentes. E daí, poderíamos ter veículos mais leves, menos possantes e muito mais bicicletas, triciclos, patinetes e skates.
Gostou das ideias?
Veja mais no blog do Renato Brodzinski, o Experiências Quaisquer.
*Edição: Marcos de Sousa
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