O país pode ganhar quatro trens turísticos ainda este ano. Este é o objetivo de um Grupo de trabalho Ferroviário que se reuniu na última semana no Ministério do Turismo. O grupo é formado por representantes do MTur, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Ministério dos Transportes, da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e órgãos administrativos de diversos estados.
Um dos trens vai trafegar entre Barbacena (MG) e Santos Dumont (MG), o outro irá circular no município de Santa Maria (RS), um terceiro vai de São Carlos (SP) até a fazenda Conde do Pinhal (SP) e um quarto, percorre um trecho entre São Roque (SP) a Mairinque (SP).
O Brasil tem atualmente 33 trens turísticos em operação, todos na região Sul e Sudeste. Para o secretário nacional de Políticas de Turismo, Vinicius Lummertz, o uso de trens para o turismo, “abre portas para novos investimentos e permite a criação e o fortalecimento de novos destinos e centros históricos brasileiros”.
Em Santa Maria, a 250 km de Porto Alegre, um projeto prevê a implantação de uma linha de trem que vai funcionar no próprio município, com 4 km de extensão. A proposta também inclui um centro de espetáculos ao longo da via e uma área com maquetes de trens para exposição. Ainda falta a construção de 1.200 metros de trilhos e reparos da locomotiva inglesa que pertence ao município.
Durante a reunião, o grupo decidiu que o próprio DNIT doaria os trilhos de materiais antigos que constam em seu patrimônio. Santa Maria passou a receber voos diretos de Porto Alegre, o que deve estimular ainda mais o turismo na região.
“Acredito no potencial dos trens turísticos e no charme que a atividade confere ao setor. Os trens geram emprego e renda e tem uma importância histórica, cultural e de preservação”, afirmou o diretor do Departamento de Produtos e Destinos, Marcelo Lima Costa.
Em Barbacena (MG), o Expresso Pai da Aviação, prevê a implantação de um trem que liga a cidade a Santos Dumont, com extensão de 43km. Em Barbacena, alguns trens transportavam os doentes mentais de um dos maiores hospitais psiquiátricos do país, daí a expressão mineira “trem de doido”. Já Santos Dumont é a cidade onde nasceu Santos Dumont – e cujo o antecessor foi um empreendedor das ferrovias.
Ainda não há acordo entre a concessionária que explora a ferrovia e a agência de Barbacena, dona da locomotiva. A concessionária, que transporta minério pela ferrovia, alegou falta de segurança no trecho para o transporte de pessoas. O diretor do Departamento de Produtos e Destinos, Marcelo Lima Costa, alega que a empresa que transporta minério já usa a malha ferroviária.
Outro município de São Paulo que aposta no potencial ferroviário é São Roque (SP), conhecido pela produção de vinho e alcachofra. A prefeitura pretende revitalizar a Maria Fumaça para um trajeto de 22km, passando por São João Novo, Maylasky e Mairinque. Cerca de 90% do projeto já foi executado e duas locomotivas estão prontas.
Entretanto, segundo os responsáveis pela condução do projeto, as obras não começaram porque a concessionária ALL está com a documentação parada. O diretor Marcelo, do MTur, solicitou à prefeitura uma nota técnica para intervir junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que regulamenta o setor.
No município de São Carlos (SP), um projeto deve colocar em operação a locomotiva 821, que vai de São Carlos até a Fazenda do Conde do Pinhal, nome do político ilustre do século 19, empresário e produtor de café. O trajeto passa por uma área de cerrado que pode ser usada para projetos educativos e também abrigará a primeira fábrica de dirigíveis do mundo.
Ainda faltam R$ 6 milhões para que o projeto seja viabilizado, incluindo a reforma da locomotiva, que pertence a prefeitura. “Estimamos que 43 municípios ao redor de São Carlos e 4,4 milhões de habitantes podem ser potenciais usuários do trem”, afirmou Geraldo Godoy da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, responsável pela revitalização de nove trens turísticos no país.
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