Repórter compara ciclovias de Vitória com as de Dublin, na Irlanda

Reportagem acompanha o arriscado trajeto de bike de um professor, de Vitória e Cariacica (ES). Para mostrar que a situação poderia ser diferente, equipe vai até a Europa

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Fonte: G1  |  Autor: Philipe Lemos  |  Postado em: 21 de outubro de 2013

Contrastes na Grande Vitória: locais sem e com cic

Contrastes na Grande Vitória: locais sem e com ciclovias

créditos: Reprodução/TV Gazeta

 

A bicicleta é um transporte de baixo custo e que ainda proporciona uma vida saudável para quem a usa, mas, na Grande Vitória, os ciclistas reclamam que precisam de mais respeito. E esse respeito não deve vir somente de motoristas, mas dos órgãos públicos que deveriam investir mais em ciclovias.

 

A reportagem do ESTV 1ª Edição, da Rede Globo, acompanhou o caminho de um professor que vai da capital Vitória a Cariacica, para dar aulas e todos os dias usa a bicicleta. Para mostrar como a situação poderia ser diferente, a reportagem foi até Dublin, na Irlanda, e conferiu o exemplo das cidades europeias.

 

O professor Emanuel Favre Nicolin mora em Jardim Camburi, em Vitória, e, todos os dias, dá aulas em uma escola no bairro Itacibá, em Cariacica. São pelo menos 20 km de percurso e cerca de uma hora e vinte minutos de pedalada. Para enfrentar as ruas, os equipamentos de segurança, como capacete e colete refletor, são imprescindíveis.

 

Emanuel contou que procura não se arriscar. "Eu costumo passar por lugares que têm ciclovias e também em ruas menos movimentadas, que dá para pedalar mais tranquilo", disse.

 

Os motoristas reconhecem o perigo. "Vitória é uma cidade tensa, as ruas são muito estreitas para carros e bicicletas passarem", disse o condutor Marcelo Carlos. O motorista Fernando dos Reis concorda que deveriam haver mais ciclovias. "Bom seria se tivesse a faixa para os ciclistas", falou.

 

A família do operário Marcos Ferreira usa a bicicleta para se locomover para quase todos os lugares em Vitória. A filha dele, uma criança, também é transportada pela cidade em um lugar especial para a idade. "Muitas vezes temos que passar pela calçada por segurança, dividindo espaço com os pedestres, porque é bem complicado andar na rua", declarou.

 

Até o fim do trajeto do professor Emanuel, a reportagem conferiu que em Vitória e Cariacica há ciclovias, mas não em todos os lugares onde seria seguro para os percursos. Em muitos locais, a equipe dividiu espaço com carros e até caminhões.

 

Para Emanuel, o uso mais frequente de bicicletas beneficiaria as cidades. "Precisamos de mais ciclovias, mas também o que está faltando é mais respeito por parte dos motoristas. A bicicleta pode ajudar a aliviar o trânsito, ajudar a cidade", falou.

 

Prefeituras no ES
Questionada sobre a situação na capital, a prefeitura de Vitória informou que vai começar o projeto interligando ciclovias existentes no município. A previsão é de que o plano cicloviário seja finalizado até 2016 e algumas obras já começaram. "Do ponto de vista cultural, espero que a gente não demore a entender que precisamos de mais solidariedade no trânsito, principalmente com os ciclistas, que são os mais frágeis nesse meio.

 

Em Vitória são 29 km de ciclovia, e estamos trabalhando para melhorar isso, para pelo menos 61 km. Mas o prefeito quer ousar um pouco mais, para 100 km até o final do governo dele", explicou o secretário municipal de Trânsito, Max da Mata.

 

Em Cariacica existem 12 km de ciclovia. A prefeitura, por meio da secretaria de Serviços e Trânsito, informou que atualmente há ciclovia na orla da Avenida Vale do Rio Doce, na região de Porto de Santana, na rodovia Leste-Oeste e na rodovia Alice Coutinho. No momento, há projetos para ampliar as ciclovias no município, mas não há data para isso. Em julho, houve uma reunião com o governo do estado, ficando definida a criação do Anel Cicloviário, que ligará Viana, Cariacica, Vitória, Vila Velha e Serra. A secretaria de Obras de Cariacica está elaborando projeto para captar recursos junto aos governos estadual e federal para dar andamento ao projeto do Anel Cicloviário.

 

Ciclovia em Dublin, na Irlanda; na cidade há mais respeito com os ciclistas, segundo a polícia (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Em Dublin, a situação é bem outra
Nas ruas de Dublin há espaço para todo mundo: carros, ônibus, motocicletas e bicicletas. Segundo a polícia de trânsito, há pelo menos 10 mil ciclistas na cidade que usam as ruas e avenidas com muita segurança por conta da grande quantidade de ciclovias. A cultura do povo também é levada em conta quando o assunto ;e respeito no trânsito, como garantiu o policial Aidan Reid.

 

"Quanto mais bicicletas rodando pelas ruas, maior será a segurança para todos. Aumenta o respeito às leis. Nos últimos anos houve um aumento de 30% do número de ciclistas na capital da Irlanda", disse.

 

O respeito às leis é levado a sério pelos irlandeses. Se o ciclista ultrapassar o sinal vermelho, a multa é certa. "No ano passado, 370 ciclistas foram multados por não respeitarem o sinal vermelho. A multa é de € 475", orientou. Convertendo para reais, essa multa é de cerca de R$ 1,5 mil.

 

A publicitária capixaba Juliana Valentim mora em Dublin há poucos meses, mas já se adaptou ao uso da bicicleta. "Eu vou à escola, vou ao supermercado, faço trip com meus amigos, tudo de bicicleta. A gente tem uma sinalização que permite essa mobilidade com segurança", explicou.

 

Lá, para quem não tem esse tipo de transporte em casa, ele pode ser alugado na rua. E o custo é muito baixo, cerca de R$ 35 por ano. "Você retira a bicicleta com um cartão de pontos, pode usar o quanto quiser e entregar onde quiser, pois são vários pontos de entrega espelhados pela cidade", disse a publicitária.

 

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