Por um lado, elogiado durante décadas por ter sido uma solução de tráfego; por outro, criticado por urbanistas porque mais parece um monstrengo na paisagem. Este é o Elevado da Perimetral, no trecho entre a Rodoviária e a Praça Mauá, que receberá seus últimos 72 mil veículos diários na próxima sexta-feira (18).
A via será interditada no sábado (19), numa das apostas mais arriscadas da história da cidade para tentar reorganizar seu trânsito. O fluxo de veículos será transferido para uma nova via com três quilômetros — que terá apenas um trecho nas imediações da Rodoviária aberto no sábado.
O adeus, porém, será longo: a previsão é que o gigante de concreto só irá completamente abaixo em novembro. Antes disso, ainda há muito o que fazer: dezenas de prédios no entorno terão que ser vistoriados, e o plano proposto ao Corpo de Bombeiros está sendo exaustivamente discutido. Mas uma coisa já está definida: não será possível simplesmente implodir tudo. Uma parte da demolição deverá ser feita com o uso de máquinas e picaretas.
"Há trechos muito perto de prédios, como na Praça Mauá. Não há como usar explosivos. Depois, muito ainda terá que ser feito. Só a remoção dos escombros levará três meses" disse o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto (Cdurp), Alberto Gomes.
A demolição do trecho final, da Praça Mauá ao Aeroporto Santos Dumont, vai custar R$ 592 milhões, mas ainda não tem data para ser interditado. Isso, no entanto, não deve acontecer antes da conclusão da via expressa prevista para a região, já batizada de Avenida Oscar Niemeyer. Há outras frentes de obras: os túneis, que integrarão o projeto, por exemplo, só ficarão prontos em 2014.
Postes serão reaproveitados
Ao contrário do que ocorreu até agora no projeto Porto Maravilha, bancado com recursos privados de uma PPP, a prefeitura terá que arcar com a conta da demolição do trecho final. As obras também serão feitas pelo Consórcio Porto Novo, sem nova licitação, embora o trecho não esteja na área de concessão.
"O Tribunal de Contas do Município (TCM) autorizou por um princípio de economia. Se o trecho ainda fosse licitado, os custos poderiam ser maiores. Mas o que a prefeitura vai gastar tende a recuperar com receitas de impostos recolhidos devido à valorização dos imóveis na área" justificou o presidente da Cdurp.
Com a interdição, as equipes da prefeitura ainda terão muito trabalho antes do sinal verde para que o elevado venha abaixo. Primeiro ocorrerá uma espécie de “caça ao tesouro”: postes, lâmpadas, fios de cobre usados na iluminação pública, painéis informativos e placas de sinalização serão removidos. Boa parte do material será levada para uma oficina da Rio Luz, onde será inspecionada. O que estiver em boas condições será reformado e voltará às ruas.
"Temos 244 postes de 15 metros de altura com 488 lâmpadas. O que puder ser aproveitado será utilizado quando for preciso substituir postes em vias que usam o mesmo modelo, como a Linha Vermelha" disse o secretário de Conservação, Marcus Belchior.
A CET-Rio terá menos trabalho. No trecho, há apenas 12 placas de sinalização e dois painéis informativos de trânsito.
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