A dupla Reginaldo de Oliveira e Kátia Andrea teve que atravessar o trevo da avenida Jundiaí para chegar ao Centro com suas bicicletas, sob o risco iminente de atropelamento. Eles foram a uma manifestação na Câmara, nesta terça (13) à noite.
“Sabemos que não vai ser fácil. Falta uma cultura de prioridade ao pedestre e ao ciclista. Vai ser preciso ver a topografia para os caminhos adequados. Mas queremos deixar o carro em casa quando der para ir trabalhar assim”, diz Kátia, 28 anos.
Entre os mais de 200 ciclistas, eles participaram do ato público por mais ciclovias. Alguns lembraram de amigos feridos, como Edicarlos Vieira, 25, do DCE Unianchieta. Outros lembraram que nem podem dirigir ainda e gostariam de fazer tudo com sua bicicleta, como Giancarlo Hernandez, 14, do movimento Bicicletada Jundiaí.
Alguns até se exaltaram para questionar o plantio de árvores do canteiro central da avenida dos Ferroviários, entre a Estação e a Agapeama, que poderia ser um caminho ou a falta da ciclovia no projeto final da avenida 9 de Julho (que foi proibido pelo Ministério Público por ser na faixa de mata ciliar).
“Uma ciclofaixa, que exige muita gente trabalhando a cada domingo, não vai poder ser ampliada. Precisamos das ciclovias”, diz Carlos Alberto Menegasso.
Também estavam presentes pessoas de outros bairros como Dirceu Loducca, do Conselho de Segurança Japi Oeste, que promoveu passeios no Eloy Chaves em parceria com a Kepp’s e moradores.
Movimento
O ato de terça-feria (13) foi um dos pontos altos de uma mobilização que vem ganhando força nos últimos anos. No recente concurso Cidadonos, da ONG Voto Consciente, a falta de ciclovias foi uma das 12 questões mais apoiadas pelos 3,5 mil participantes (além da sua integração com os terminais de ônibus).
Junto com uma criança, a ativista estudantil Márcia Pará lembrou que a garantia aos ciclistas também deve incluir os menores e os idosos.
Uma das imagens lembradas pelos participantes foi de que o Complexo Fepasa ainda tem seu bicicletário para mostrar que esse transporte já foi comum na cidade. E esse movimento quer trazer de volta.
Luzes ainda equipam poucas magrelas
A maioria dos ciclistas mostrou que usa sua bicicleta geralmente durante o dia. Eram poucas asmagrelas equipadas com luzes noturnas. Com exceção dos passeios organizados, raramente se vê tamanha concentração de bicicletas durante a noite.
Irreverência é marca de manifestantes
Quando o presidente da Câmara, Julião de Oliveira (PSDB), autor do projeto que motivou a audiência pública interrompeu um orador que criticou custos da reforma da 9 de Julho sob a alegação de que ele estaria “fugindo do tema” e, depois, lembrou que o local é democrático, o público não conteve o riso, em clima bem humorado.