Antes de começarmos o texto, vamos lembrar-nos de um fato interessante: nas décadas de 40 e 50, as previsões eram que nos anos 2000 já estaríamos usando discos e/ou carros voadores e morando na Lua ou Marte. Pois é, assim como muitas obras importantes no Brasil, tais previsões também ficaram apenas no papel. Mesmo com tal comparação bem fora da proporção, o que impressiona dentro deste pacote de obras “necessárias” por todo país é a falta de acessibilidade nas estações da CPTM. E não estamos falando nas décadas de 40 e 50, não, estamos falando do ano 2013. Os usuários que possuem algum tipo de deficiência (mentais ou motoras ou ambas, como por exemplo) sofrem ao utilizar os serviços da Cia.
As condições de acessibilidade nas estações no Metrô são anos luz melhores do que nas estações da CPTM, já que no Metrô existem escadas rolantes, rampas e elevadores que facilitam e muito aos que não conseguem se locomover com facilidade. O que aconteceu? Ambas as Cias são do governo estadual e deveriam pensar da mesma forma e atender a necessidade da população. Afinal de contas, está na nossa Constituição que o Estado dá o direito de ir e vir a todo e qualquer cidadão que aqui vive.
Apesar de todos os outros textos serem muito impessoais, neste é preciso que exista uma personagem, uma pessoa para melhor exemplificar o que acontece no dia a dia do transporte público de São Paulo e suas idiossincrasias. Então, que seja eu. Tenho 39 anos e não possuo qualquer dificuldade para me locomover. Moro na zona leste de São Paulo e trabalho na zona oeste. E utilizo as linhas 3 – Vermelha (Metrô) e 8 – Diamante (CPTM) para fazer o meu trajeto diário casa – trabalho – casa.
A estação mencionada é a Domingos de Moraes. Apesar do nome, a estação atende alguns bairros e mais precisamente o bairro da Vila Anastácio. E quem precisa vir deste bairro e utilizar esta estação enfrenta dificuldades no acesso a quem tem algum tipo de dificuldade motora. Em um dos acessos, só existe esta escada para se chegar até a estação.
Depois da escada, vemos a estação (que está em obras há mais de um ano!) e utilizamos esta passarela.
No final da passarela, temos outra escada: (e a placa da obra que está ali há mais ou menos 1 ano também).
Pronto, estamos de frente para a estação. A obra que ainda não está terminada é de uma rampa onde finalmente a CPTM pensou em ajudar os usuários.
Foram construídas, provisoriamente, duas bilheterias (e apenas uma funciona) para atender a demanda dos usuários. Pode até não parecer, mas com muitas empresas grandes como Camil e Léo Madeiras nas redondezas da estação, a demanda de usuários é grande.
Passados os bloqueios da estação. E aí, o que vemos? Escadas, mais escadas. Não existe qualquer indício que será construída uma rampa nesta escada para facilitar o acesso a quem precisa.
A obra do elevador. Um ano e nada foi feito ainda. Se este elevador fosse construído no “ritmo Japão e China de obras”, já teríamos quatro elevadores funcionando com serviço de open bar.
Pronto. Chegamos à plataforma da estação. E mais escadas. Com a obra do elevador em passos de tartarugas, quantos usuários já passaram necessidades sérias com estas escadas já que elas são o único meio de se chegar á plataforma?
Voltando à questão: quais outras estações da CPTM possuem condições semelhantes? E como podemos fazer com que o governo do estado de SP e a Cia consigam atender a necessidade de todos que precisam se locomover pela cidade utilizando trens e metrô?
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