O projeto do Hidroanel, que prevê a implantação de uma via navegável com 170 km na Região Metropolitana, destinada ao transporte de cargas e passageiros, será tema de oficina ministrada em Ribeirão Pires por professores do Nutau-USP (Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). O evento, que será realizado neste mês, ainda sem data marcada, é o primeiro de ao menos três encontros que discutirão temas como mobilidade urbana, polos tecnológicos e turismo na cidade.
A Prefeitura de Ribeirão Pires e o Núcleo de Pesquisa assinaram em setembro termo de cooperação para garantir apoio em projetos de desenvolvimento no município. A ideia é ampliar o debate e ajudar nos estudos de viabilidade para implantação de propostas consideradas importantes para a cidade, como o Hidroanel. As oficinas serão realizadas até dezembro, abertas à população.
Viabilidade
Segundo o secretário de Assuntos Estratégicos, Carlos Lima, Ribeirão já estudava a viabilidade de utilizar a Billings e rios para escoar cargas e transporte de passageiros quando soube do projeto do Hidroanel Metropolitano, que teve os Estudos de Pré-viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental contratados pelo Departamento Hidroviário do Estado e realizados pela empresa Petcon com o apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
“Nossa avaliação é que Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra seriam as cidades mais beneficiadas pela construção desse anel hidroviário, mas não temos muita informação do projeto, por isso procuramos a USP”, explicou. Para o secretário, o uso das águas para transporte poderia influenciar positivamente o turismo no município. “A entrada oficial da cidade, inclusive, poderia ser mudada para o canal, via barco, criando um novo ponto turístico”, avaliou.
Rios e represas formariam via navegável de 170 km
O projeto do Hidroanel, do governo estadual, parado desde a década de 1970, prevê a implantação de via navegável com 170 km na Região Metropolitana. Consiste na utilização dos rios Tietê e Pinheiros e represas Billings e Taiaçupeba para navegação, sendo necessária a construção de canal artificial com 18 km para a interligação dos dois reservatórios, fechando o anel hidroviário. O canal cortaria Ribeirão Pires.
O projeto contempla a implantação de eclusas para vencimento de desníveis e terminais de carga. A primeira etapa do projeto do Hidroanel tem como foco a navegação nos rios Tietê e Pinheiros.
Uma das principais críticas ao anel hidroviário é quanto à possível contaminação das águas das represas. Com a passagem de embarcações pesadas, o lodo tóxico depositado no fundo da Billings, por exemplo, pode chegar à superfície e prejudicar o abastecimento de água na Região. Outra fonte de contaminação é o transporte de lixo e vazamentos de óleo e combustível pelos barcos.
Dúvidas
O Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo não informou quando o canal artificial entre a Billings e Taiaçupeba seria construído ou quanto tempo seria necessário para conclusão da obra. A Secretaria Estadual de Logística e Transportes não revelou o investimento total do projeto.
Cooperação abre portas para outros municípios
O termo de cooperação assinado pela Prefeitura de Ribeirão Pires e USP é o primeiro que a universidade faz com um órgão municipal. Para o coordenador científico do Núcleo, Bruno Padovano, o termo facilita o fluxo de informações.
“Nosso objetivo é levar o conhecimento da universidade para os municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Isso permite que as prefeituras solicitem auxílio para viabilizar projetos. A ação realizada com Ribeirão Pires é o ponto de partida para que outras cidades façam o mesmo”, avaliou. Padovano considera o projeto do Hidroanel prioritário.
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