Se você trabalha num grande centro urbano, certamente se depara com intenso fluxo de pessoas na chegada, no elevador, na saída. Em São Paulo (12 milhões de habitantes), por exemplo, é normal pessoas enfrentarem congestionamentos de 20, 30 minutos na própria garagem. E de quem é a culpa? É fácil atribuí-la ao vizinho, ao colega, mesmo ao poder público.
Mas você já parou pra pensar que esse grande “encontro” nos horários de pico ocorre porque as pessoas simplesmente não têm outra opção? E se as empresas oferecessem, ao colaborador, escolhas vantajosas de horários, transporte e infraestrutura? Gradualmente, poderiam solucionar, juntas, os problemas de mobilidade nas cidades.
É com foco nisso que o Projeto Piloto de Mobilidade Corporativa do Banco Mundial, em parceria com WRI Brasil e EMBARQ Brasil, vem trabalhando na capital paulista. Atuando com dois grandes complexos empresariais na Av. Berrini, o CENU e o WTC, a iniciativa busca soluções de deslocamento para os funcionários, impactando na sua qualidade de vida e consequentemente produtividade. Conheça aqui o projeto.
O caso Santander
Por dentro da Torre: clique na imagem para abrir o infográfico interativo.
Um exemplo que inspira o projeto é a Torre Santander, que também fica na Berrini, uma das regiões mais congestionadas da cidade. Há quatro anos, na busca por mais mobilidade, qualidade de vida e sustentabilidade, o prédio, que conta com cerca de sete mil funcionários, reorganizou o fluxo interno e as prioridades, com flexibilidade de horários e jornadas home-office.
Além disso, o prédio conta hoje com um estacionamento de bicicletas bem localizado, além de vestiários munidos de shampoo, condicionador, sabonete e toalhas para o colaborador ciclista. Sala de alongamento, guarda-volumes e kit primeiros socorros também fazem parte do pacote. Entretanto, nem todo mundo pedala. A solução para tirar essas pessoas de trás do volante foi disponibilizar ônibus fretados, que somam ao todo 43 linhas que fazem o circuito dos metrôs e atendem dois mil funcionários da torre. Ainda assim, há quem prefira o carro. Por isso, o banco privilegia a Carona Amiga, com estacionamento exclusivo e pela metade do preço de quem vai sozinho. Além disso, vans que percorrem a região para levar executivos a reuniões dispensam o carro para um. Os táxis também passaram a ser compartilhados de acordo com o destino, o que reduziu o número de viagens de 600 para 200 em um mês.
Se você já se surpreendeu o bastante, a torre não parou aí. Existem ainda quatro restaurantes, lanchonetes, máquinas de snacks, centro de conveniência com agência de viagem, lavanderia, costureira, sapataria, locadora, concierge, salão de beleza, revistaria, livraria, biblioteca e três lojas rotativas; academia e até mesmo centro médico gratuito com todas as especialidades.
(Foto: Sam Kelly)
Menos estacionamento, mais mobilidade
Grandes empresas geralmente pagam o estacionamento para o funcionário. Mas não é tão óbvio assim que ele queira ir de carro. Muitas vezes apenas não se tem conhecimento das opções. A mobilidade corporativa é um assunto pouco explorado e que merece mais atenção se levarmos em conta que grande parte dos deslocamentos é feita ao local de trabalho. Por isso, o TheCityFix Brasil vai trabalhar cada vez mais para trazer o assunto à tona.
Este texto foi publicado originalmente no site The City Fix Brasil.
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