Mobilidade Urbana: o grande desafio

Há um assunto que, atualmente, é frequente em todas as conversas: mobilidade urbana

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Fonte: Acontecendo Aqui  |  Autor: Prof. Ozinil Martins de Souza  |  Postado em: 12 de setembro de 2013

O problema da mobilidade é generalizado

O problema da mobilidade é generalizado

créditos: Divulgação

 

Estamos, dia após dia, discutindo o que fazer para melhorar a condição de mobilidade das grandes, médias e pequenas cidades, pois o problema é generalizado. Desnecessário dizer que esse é um problema atual, mas que foi gerado pela incompetência do poder público em planejar, em pensar com antecedência o desenvolvimento das cidades. Uma cidade tem que ser pensada, ser planejada com anos de antecedência e responsabilidade – seu direcionamento, sua vocação, sua ordenação. Não pode ficar a Deus dará. Conclusão: temos um problema de enorme proporção que, com certeza, não será solucionado por nenhum governo que seja prisioneiro de interesses de classes, de categorias, pelo viés financeiro e por aí afora.

 

“Gostaria de começar este texto dizendo que nenhuma outra área política estabelece seus preços de maneira tão irracional, ultrapassada e desperdiça tanto dinheiro quanto a mobilidade urbana”. A frase dita pelo Nobel de economia, Willian Vickrey, foi tirada de um artigo escrito em 1963 e mostra, claramente, o amadorismo na condução do problema. Uma cidade se estrutura a partir de definição de prioridades. A pergunta que não quer calar: para quem a cidade existe? A resposta me parece óbvia: as pessoas são a razão da existência das cidades. Por que, então, tudo que se faz nas cidades tem como foco principal o carro? Vamos a alguns tópicos, que entendo, podem ajudar na melhoria da qualidade de vida em nossas cidades.

 

- Prioridade 01: quando planejarmos nossas cidades, serão as pessoas. Isto implica em algumas mudanças, como: alargamento das calçadas, fechamento de ruas para permitir a movimentação das pessoas, morar mais próximo do local de trabalho para evitar deslocamentos desnecessários (acabar com distritos industriais), criação de áreas de lazer próximas das moradias das pessoas, criação de ciclovias para incentivar o uso de bicicletas, entre outros pontos que podem ser discutidos.

 

- Transporte coletivo de qualidade e a baixo custo. Sem esquecer que temos que interconectar toda a rede de transporte coletivo. O transporte coletivo deve induzir o usuário a deixar o carro em casa, como já está acontecendo em São Paulo em que, deslocar-se de ônibus ficou mais rápido que o carro.

 

- Descentralizar as cidades de maneira organizada. Agências bancárias, órgãos públicos de maneira geral, supermercados e o comércio em geral, podem e devem ser descentralizados fazendo com que as pessoas não precisem sair de seus bairros para operações que ali podem ser feitas.

 

- Sinalizar a cidade de maneira correta evita desperdícios de tempo e dinheiro e permite às pessoas deslocamentos rápidos e, com menor custo.

 

- E, a mais importante, de todas as sugestões: ouvir as pessoas! Sim, pode parecer infantil, mas é extremamente necessário ouvir as pessoas. Sei, que pelo grau de conhecimento, muitas terão uma visão limitada sobre o tema. Mas, ela deve sentir que faz parte do problema e, que é responsável, também, pela solução. Obter o comprometimento das pessoas para tornar as cidades melhores é crucial para buscarmos melhorar a qualidade de vida destas mesmas pessoas. Sem este comprometimento não iremos a lugar algum.

 

Lembro-me que na década de 60 houve um prefeito, em Curitiba, que resolveu modernizar a cidade e alargou duas grandes avenidas – Av. Mal Deodoro e Mal Floriano. Mudou totalmente o eixo de crescimento da cidade e, iniciou a transformação da cidade no que, hoje, ela é. Reverencio seu nome em função da visão de futuro que mostrou: Ivo Arzua Pereira. Alguns anos mais tarde, o prefeito Jaime Lerner mudou a “cara” de Curitiba tornando-a uma cidade referência mundial em termos de mobilidade e qualidade de vida. Será que os prefeitos que governam nossas cidades não têm condições de fazer o mesmo? Será que temos que deixar nossas cidades paralisadas para então buscar soluções? Fica aqui o desafio. A hora de planejar já passou, mas ainda temos tempo para evitar o pior. Boa leitura a todos!

 

Prof. Ozinil Martins de Souza
Possui graduação em Geografia pela Fundação Universitária Regional de Joinville e pós-graduação em Educação pelo Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Tem forte experiência na área de Administração de Recursos Humanos, Negociação Sindical, Consultoria Empresarial e Empreendedorismo e atua na área acadêmica.
 

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