Estudo mostra o impacto social dos acidentes com motocicletas

Publicado pelo especialista Eduardo Vasconcellos, trabalho revela a elevação do número de vítimas em acidentes com motos pelo país

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Hebert Franco  |  Postado em: 13 de agosto de 2013

Números chegam próximos a um milhão de mortes e se

Números chegam a quase 1 milhão de óbitos

créditos: Jornal de São Domingos

 

Entre 1990 e 2011, as vendas de motocicletas no Brasil cresceram de forma explosiva, alcançando a marca de 2,12 milhões de unidades. O faturamento do setor cresceu de 741 milhões para cerca de 8,7 bilhões de dólares, no mesmo período.
 
Não por acaso, entre 2000 e 2012, o sistema de seguro de acidentes de trânsito (DPVAT) registrou o pagamento de 177 mil indenizações de morte e 781 mil de invalidez, totalizando 958 mil acidentes com usuários de motocicleta.
 
“A segurança de trânsito no Brasil vinha melhorando após a implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito (1997). As iniciativas de fiscalização e conscientização contribuíram para a redução de acidentes e mortes. No entanto, um processo muito rápido, e até irresponsável, de incentivo e implantação da motocicleta gerou uma quantidade imensa de pessoas feridas ou mortas”, desabafa o engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos, diretor do Instituto Movimento e autor do trabalho “Risco no trânsito, omissão e calamidade: impactos do incentivo à motocicleta no Brasil”. 
 
Segundo Vasconcellos, é possível observar uma escalada brutal no número de óbitos e sequelas ocasionadas por acidentes com motocicletas em todo o país. Em São Paulo, as mortes passaram de 114 em 1991 para 512 em 2011 (350%). No caso de Brasília, o número médio de mortes por ano passou de 18 no período 1996-1999 para 92 no período 2004-2007 (411%).

O impacto social é visível especialmente entre jovens entre 18 e 34 anos, de classe média ou baixa e que residem em áreas urbanas.  “A média desse público é mais jovem do que em outros acidentes de trânsito. Assim, depois dos acidentes, jovens que contribuíam ativamente na renda familiar são afastados do trabalho e deixam de participar na geração de renda”.
 
Fragilidade
Na opinião de Vasconcellos, a grande agravante é a fragilidade do veículo, que não conta com nenhuma proteção além do próprio corpo do motociclista, em uma eventual colisão. “Uma maneira de reduzir os acidentes seria controlar a energia cinética: diminuir a velocidade e impedir que a motocicleta divida o mesmo espaço com carros e caminhões”, avalia o autor.
 
“Nenhum país conseguiu eliminar a vulnerabilidade da motocicleta. Ela circula em alta velocidade, próximo a veículos maiores, o que aumenta o risco de lesões graves”. Para o especialista, reverter a situação só é possível com um desincentivo ao uso da moto, melhoria na educação e sinalização do trânsito. Outro ponto que pode contribuir é o investimento no transporte público, para “torná-lo atrativo a quem utiliza a moto”.
 
 
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