Em menos de uma semana, dois descarrilamentos de trem, ocorridos na CPTM e no Metrô, assustaram os passageiros que utilizam o transporte sobre trilhos e causaram transtornos à população.
Especialistas ouvidos pelo jornal Diário de S. Paulo dizem que na CPTM esse tipo de ocorrência é mais comum – já que a via é mais antiga e recebe, além dos trens de passageiros, o transporte de cargas –, mas estranharam esse tipo de falha no metrô.
“Na CPTM é tradicional (o descarrilamento). No metrô é mais raro”, comentou o especialista em sistema ferroviário e consultor do Sinferp (sindicato dos ferroviários da Sorocabana), Rogério Centofanti.
Na terça passada (30 de julho), um trem que seguia entre as estações Piqueri e Pirituba, na Linha 7-Rubi da CPTM, descarrilou por volta das 16h30. Nesta segunda-feira, às 11h53, o problema ocorreu na Linha 3-Vermelha, do Metrô. Segundo a empresa, houve o descarrilamento de um jogo de rodas do carro 5 de um trem próximo à Estação Barra Funda. Os passageiros tiveram de sair pela passarela de emergência. Não houve feridos.
“Pelo que sabemos até agora, o trem teve um problema no terceiro trilho, que capta energia elétrica”, disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, no meio da tarde. “Essas falhas são consequências da degradação do sistema”, afirmou.
Em entrevista à rádio CBN, o diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti Filho, disse que, ao descarrilar, o trem derrubou o terceiro trilho.
Centofanti diz que quanto mais distante do Centro da cidade, maior é o descaso do governo com a manutenção das linhas. “As minhas linhas (8 e 9 da CPTM) só são beneficiadas porque passam pela região da Berrini (na Zona Sul).”
Sobre o acidente da semana passada na CPTM, o presidente do Sindicato dos Ferroviários, Eluiz Alves de Matos, disse que está colhendo dados. Mas ele também se surpreendeu com o acidente desta segunda no Metrô. “Não entendi”, resumiu.
A CPTM informou que termina nesta terça o prazo para conclusão da sindicância dessa falha. Para Centofanti, há três hipóteses para o acidente: trilho desgastado, rodeio gasto ou as duas coisas juntas.
Segundo o Metrô, passageiros não foram prejudicados nesta segunda
Às 16h da última segunda (5), a situação na Estação Barra Funda era crítica. Usuários reclamavam da demora nas paradas – que chegava a mais de 20 minutos –, da superlotação, das trocas de trens e da falta de informação. O transtorno já começava com filas enormes do lado de fora das catracas. A maioria das pessoas não sabia o que estava acontecendo, já que o aviso sonoro apenas informava que, por problemas técnicos, os trens circulavam com maiores intervalos.
Segundo dados publicados no site do Metrô, a Linha 3-Vermelha atende, em média, 1,2 milhão de passageiros em dias úteis. Procurada nesta segunda, a assessoria de imprensa do Metrô disse que nenhum passageiro foi prejudicado, já que todos conseguiram realizar as viagens, mesmo com intervalos maiores. À noite, a empresa orientou os usuários para evitar a Linha 3-Vermelha e utilizar preferencialmente as linhas da CPTM. Por volta das 19h, as estações continuavam lotadas.
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