A queda da atriz Beatriz Segall numa calçada, na região central do Rio de Janeiro foi mais um triste episódio da novela interminável que envolve a manutenção dos passeios públicos no Brasil.
Agora nos chega a informação de que a prefeitura do Recife iniciou um programa para a recuperação de 2.600 m2 de calçadas na capital pernambucana, com investimento de 3 milhões de reais. É uma medida tímida, restrita apenas às ruas do centro, mas pode indicar uma tendência de melhoria. E pode ser um exemplo para as outras capitais do país.
No caso do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2013 o secretário Municipal de Conservação, Marcus Belchior Corrêa Bento recebeu em mãos o Relatório Calçadas do Brasil, resultado da campanha realizada pelo Mobilize em 2012. No encontro, em seu gabinete, Belchior apresentou um plano ambicioso para verificar os problemas existentes e iniciar a recuperação desses passeios públicos. Esperamos que o plano saia logo do papel.
De São Paulo, duas ótimas novidades. A primeira envolve a democratização da gestão dos transportes: o
Conselho Municipal de Trânsito e Transportes iniciou suas atividades na capital paulista. O Conselho tem caráter consultivo e dele participam representantes do governo municipal, movimentos sociais e empresários. Da sociedade civil participam representantes do Movimento Passe Livre (MPL), que liderou as manifestações na capital durante o mês de junho, a Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) e a Rede Nossa São Paulo.
Outra notícia importante foi a
liberação de recursos federais para projetos de mobilidade urbana em SP. Serão 8 bilhões de reais para projetos como corredores exclusivos de ônibus, veículos leves sobre trilhos, ciclovias e passeios públicos, com a novidade de que esse montante não será incluído no cálculo de endividamento dos municípios.
Boas novas chegam também de
Curitiba, que está ampliando a quantidade de rampas de acessibilidade em várias esquinas da cidade. Outro bom exemplo vem de
Macapá, no extremo norte do Brasil: lá as autoridades buscaram apoio na organização Embarq Brasil para desenvolver um plano de mobilidade urbana sustentável e assim obter recursos federais necessários para as obras futuras.
Curitiba, Rio, Recife, Macapá e São Paulo podem estar começando a necessária mudança no modelo de transporte adotado por todo o país nos últimos 50 anos. É uma promessa de cidades mais tranquilas, com tráfego seguro, boas para circular a pé, como fazia o avô de Beatriz Xavier Flandoli, autora de um
delicioso artigo sobre o prazer de caminhar. Enfim, algo se move.
Marcos de SousaEditor do Mobilize Brasil (Foto: Sofia Mattos)