Desoneração do transporte coletivo: seria este o caminho?

Uma das principais reivindicações das manifestações populares ocorridas recentemente, a redução das tarifas do transporte público no Brasil nunca foi tão debatida

Notícias
 

Fonte: The City Fix Brasil  |  Autor: João Felipe Lança  |  Postado em: 29 de julho de 2013

As empresas de ônibus terão de ser contratadas por

Empresas de ônibus terão de ser contratadas por licitação

créditos: Ahmed Mahin Fayaz

 

Os protestos demonstram a insatisfação com o valor cobrado das tarifas em relação ao nível do serviço prestado à população. Por isso, ainda há muito que bater nesta tecla.

 

Uma das ações que mais tem recebido atenção é o Projeto de Lei 310, que prevê a desoneração de diversos impostos cobrados na cadeia do Transporte Coletivo. Chamado de Reitup - Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros -, o projeto permitirá reduções em até 15% do preço das passagens de transporte público nas cidades brasileiras.

 

Mas para que as desonerações sejam efetivadas, as empresas e as prefeituras devem atender alguns pontos:

 

As empresas de ônibus terão de ser contratadas por licitação. Segundo o relator da proposta, Lindberg Farias, atualmente o setor de transportes vive um quadro absurdo: “Hoje, 95% das linhas de ônibus no país não foram licitadas”.

 

A conectividade, um dos principais eixos que garantem a qualidade e o incentivo ao transporte coletivo, também ganha prioridade, com a obrigatoriedade do sistema integrado de transportes, como o Bilhete Único, sistema utilizado na cidade de São Paulo e que inclusive serve para o aluguel de bicicletas, ou qualquer outro tipo de integração.

 

Além disso, seria obrigatória a publicação das planilhas de custos e ganhos na internet, além da criação dos Conselhos de Transportes em cidades e estados, prevendo a participação de membros da sociedade civil, que é obrigatória segundo a Lei de Mobilidade Urbana.

 

Exemplo de conectividade é o RioCard, sistema de integração do Rio de Janeiro. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)

 

A pergunta que ainda resta é a seguinte: será mesmo que só o custo da tarifa é sinonimo de qualidade de um serviço prestado? O valor pago é a principal reclamação ou seria o estopim de uma série de deficiências históricas dos sistemas de transporte e do planejamento de nossas cidades?

 

Por um lado, segundo a ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos, ao suprimir estes impostos, algum setor da administração pública deixará de receber os valores correspondentes, podendo reduzir ainda mais os investimentos em políticas públicas; e por outro, a redução dos custos operacionais poderá ser rapidamente consumida se a configuração espacial e operacional do sistema de transporte da cidade for ineficiente, elevando novamente os custos operacionais que, no reajuste seguinte, eliminará o benefício inicial.

 

Para a associação, antes de discutir quem paga a conta, é preciso discutir a qualidade do serviço. Caso contrário, estaremos subsidiando a ineficiência.

 

Este texto foi publicado originalmente no site The City Fix Brasil.

 

Leia também:

Para secretário de Transportes, ônibus são 'cartelizados' 

Empresas de ônibus em SP lucraram mais de R$ 150 milhões em 2012 

A busca por uma tarifa transparente 



  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário