As 17 empresas de ônibus de oito consórcios que operam na cidade de São Paulo tiveram, em 2012, lucro líquido de R$ 152,5 milhões. Os dados das empresas estão na página da São Paulo Transporte (SPTrans) na internet e foram detalhados durante entrevista na tarde desta sexta-feira (19) no Centro.
A Prefeitura de São Paulo disponibilizou nesta quinta-feira (18) dados diários sobre passageiros transportados em cada linha de ônibus em operação na cidade. Antes disso, o governo municipal já havia divulgado os contratos do sistema e dados sobre a remuneração dos empresários do setor.
A exposição dos números acontece depois dos protestos de junho pela redução da tarifa e da reivindicação por mais transparência nos dados do transporte. Desde então, o prefeito Fernando Haddad (PT) reduziu a tarifa e suspendeu a licitação que escolheria as empresas que vão operar o sistema pelos próximos 15 anos. Após a pressão social, a Câmara Municipal de São Paulo abriu também uma CPI para investigar o setor.
O lucro divulgado nesta sexta-feira é equivalente a 4,56% da receita das empresas e está abaixo do desempenho de 6,78% previsto ao longo do contrato de 10 anos de concessão com a Prefeitura.
Esse valor é uma média, o que significa que algumas concessionárias podem estar em situação melhor do que as outras. Os dados das cooperativas não são expostos porque elas não são obrigadas por lei a detalhar esses números.
O diretor econômico-financeiro da SPTrans, Adauto Farias, explicou que os números foram auditados previamente e indicaram uma saúde financeira do setor. "O resumo que a gente pode fazer desses indicadores é que as empresas, do ponto de vista da capacidade delas de pagar as dívidas de curto e curtíssimo prazo, estão adequadas. Existem recursos para isso."
Auditoria internacional
O prefeito de São Paulo afirmou nesta quarta-feira (17) que vai buscar uma auditoria internacional para examinar as planilhas de custos e de remuneração das empresas de ônibus. A declaração foi dada durante reunião do Conselho da Cidade.
"Nós vamos fazer auditoria internacional. Hoje é auditada internamente. Entendemos que o grau de complexidade que isso tomou exige de nós trabalho mais minucioso, modernizando os controles", afirmou. Haddad disse que a licitação será lançada assim que o edital estiver pronto, mas não deu previsão. Segundo o prefeito, a medida será importante para os empreendedores do transporte público.
CPI dos Transportes
Adauto Farias disse que a maioria dos documentos pedidos pela CPI dos Transportes estão no portal da SPTrans. Ele também comentou sobre a afirmação do presidente da CPI, vereador Paulo Fiorilo (PT) de que parte dos documentos pode ficar sob sigilo, mas apenas em casos excepcionais, como informações que podem afetar a disputa comercial entre as empresas. O diretor afirmou que poucos documentos são sigilosos.
Farias deu como exemplo o pedido de informações sobre a planta baixa de um tipo de ônibus do sistema. "Isso envolve segredo industrial. Esse tipo de documento não é uma coisa relevante para o debate. Mas tudo que envolve remuneração, pagamento para as empresas, dados contábeis, tudo isso foi disponibilizado. Havia uma dúvida sobre a questão dos balanços que foi superada e esses dados foram publicados."
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