Para responder à pressão popular por melhorias no transporte público no país, a Associação Nacional de Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) pediu na última quarta-feira (17) ao governo federal desconto de 75% no custo da energia elétrica das empresas operadoras de trens e metrôs. Caso seja concedida, a redução geraria economia média de R$ 30 milhões por ano no setor, valor que a associação promete investir na estrutura do transporte no país.
De acordo com o presidente da associação, Joubert Fortes Flores Filho, que ontem entregou a demanda ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, o desconto de 75% na tarifa era aplicado no setor até a década de 80, mas acabou sendo “esquecido” pelo governo nos últimos anos.
“Os serviços públicos têm esse desconto na energia, mas a gente não. Se há cobrança por melhorias no serviço, nós temos que ser ajudados de alguma forma para que isso aconteça. Esse desconto seria uma forma de o governo federal responder a essa pressão popular”, argumenta Fortes.
Hoje, segundo ele, entre 20% e 25% do custo das empresas de transporte é usado para arcar com energia, despesa que só é superada por pessoal (50%). Segundo Joubert Fortes, com os recursos a mais para o setor seria possível modernizar o sistema do transporte, com a compra de novos trens e a melhoria das estações, como acessibilidade e conforto para passageiros.
Para regular a aplicação integral desses recursos, a ANPTrilhos sugere a criação de um fundo restrito a esses investimentos, controlado pelo governo federal.
Controle
A ANPTrilhos representa todas as empresas operadoras de trens e metrôs do país, incluindo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que atua em Belo Horizonte. Segundo relatório da gestão 2011/2012, a receita total do metrô da capital mineira, onde a média diária de passageiros é de 210 mil, foi de R$ 87,8 milhões.
Para o engenheiro de Transportes e Trânsito da Fumec Márcio Aguiar, trens e metrôs carecem de investimentos. “Os vagões são antigos e desconfortáveis, as estações são ruins. É preciso também ampliar a capacidade das linhas existentes”, afirma. “Sobre os descontos na energia, a tarifa como está hoje já não cobre as despesas desse transporte. Caso o governo arcasse com esse novo subsídio às empresas, ficaria mais caro para ele”, diz.
Entenda
O que compõe a tarifa dos transportes sobre trilhos hoje no país:
50%: mão de obra
25%: energia elétrica
10%: manutenção
O que os operadores de trens e metrôs pedem: Desconto de até 75% nos custos com energia elétrica, o que geraria economia média de R$ 30 milhões por ano, segundo a Associação Nacional de Transportadores de Passageiros sobre Trilhos.
Parcela da energia elétrica que trens e metrôs utilizam: 0,4% do consumo de energia disponível.
Como era antes: Até os anos 80, as operadoras de trens e metrôs tinham desconto de 75% em energia.
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