Municípios com mais de 20 mil habitantes têm até 2015 para concluir planos de mobilidade

O alerta saiu de reunião em Brasília na qual Ministério das Cidades e especialistas debateram o problema de como resolver o nó da mobilidade urbana no país

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Fonte: Agência Senado  |  Autor: Anderson Vieira  |  Postado em: 16 de julho de 2013

Prioridade deve ser em modos como trens e metrôs

Prioridade deve ser em modos como trens e metrôs

créditos: Diego Silva

 

Municípios com mais de 20 mil habitantes têm até março de 2015 para concluir seus planos de mobilidade urbana (PMUs), lembrou na última segunda-feira (15) o diretor da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, Marco Antonio Vivas Motta. Sem eles, as prefeituras podem ficar até impedidas de receber recursos públicos do governo federal. 

 

A discussão que abordou os problemas relativos à mobilidade urbana, parte importante da pauta das manifestações populares de junho, foi realizada em Brasília, pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

 

Diante das dificuldades encontradas pelas administrações municipais, o Ministério das Cidades está oferecendo capacitação para técnicos de aproximadamente 1,5 mil municípios. A exigência de elaboração do Plano está prevista na Lei 12.587, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em janeiro deste ano. Antes dela, o Estatuto da Cidade obrigava a realização de PMU somente para centros urbanos com mais de 500 mil pessoas.

 

Crítica ao modo rodoviário

Um dos convidados, o jornalista Carlos Penna, do blog Meio Ambiente e Transporte, criticou o modelo de transporte adotado no Brasil, baseado no modo rodoviário. Segundo ele, isso tem causado grandes prejuízos sociais e econômicos ao país: "De 2000 a 2013, o Brasil ganhou 25 milhões de habitantes e 39 milhões de automóveis. A equação não está correta", enfatizou.

 

O especialista lamentou também o investimento em BRTs (sigla em inglês para ônibus de transporte rápido), em detrimento da ampliação das linhas de trens e metrôs: 

 

"Corredores de ônibus não resolvem o problema dos congestionamentos. Ônibus não são capazes de transportar a mesma quantidade de gente que o metrô. O BRT tem sido privilegiado em detrimento do VLT [veículo leve sobre trilhos]. Estamos gastando dinheiro para uma solução do século passado" opinou Carlos Penna, que também pediu mais fiscalização sobre as empresas de ônibus.

 

A professora da UnB Maria Rosa Ravelli ressaltou que o transporte público deve deixar de ser negócio para ser prestação de serviços. Ela também se disse “escandalizada” com os bilhões gastos no Rio de Janeiro para a criação de corredores exclusivos de ônibus na capital fluminense: 

 

"Esta comissão e o parlamento têm que estudar detalhadamente como é financiado o transporte público em países onde o serviço funciona bem. Não precisa inventar nada, só olhar o que outros países fazem. Não adianta jogar o dinheiro para fortalecer apenas o modelo rodoviário", afirmou.

 

O presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos (NTU), Eurico Divon Galhardi, saiu em defesa dos ônibus. Segundo ele, metrô e VLT são importantes, mas todos os modos devem ser ligados entre si: "Não se pode eleger um único vilão. Não é o empresário de ônibus que faz a urbanização das cidades. Tem que se ter uma linha de ação. Não vamos resolver da noite para o dia. Não se pode fechar a indústria automobilística para resolver problema de alteração de modal. Temos que discutir todos os problemas", alegou.

 

Projetos em tramitação

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados  (IPI) da indústria automobilística e destacou que a iniciativa ainda sacrificou prefeituras e governos estaduais, já que o imposto é base dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).

 

O parlamentar defendeu a aprovação de algumas proposições em tramitação na Câmara e no Senado, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 90/2011, que inclui o transporte entre os direitos sociais; o PLC 50/2013, que determina a transparência nas tarifas; e o PLC 310/2009, que institui o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Reitup).

 

"Não tem máfia maior neste país do que a do transporte coletivo. Enfrentar e derrubar essa máfia será avanço civilizatório", disse Randolfe.

O senador Paulo Paim (PT-RS), por sua vez, defendeu a mobilidade por meio de redes integradas, com gerenciamento de demanda. Para isso, na visão dele, é preciso planejamento de médio e longo prazo, o que não pode ser meta de apenas de um governo.

 

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