O constante fluxo de ciclistas na região fez alguns moradores e empresários estudarem a possibilidade de implantar rotas para bicicletas em vias de tráfego moderado, como, por exemplo, a Rua dos Pinheiros. Além de aumentar a segurança de quem se arrisca sobre duas rodas no trânsito, a medida pode destacar a vocação do comércio local.
Para a presidente da Associação de Moradores e Empresários da Rua dos Pinheiros (AMEPI), Ana Maria Mortari, a ideia é uma oportunidade de alavancar o comércio aos finais de semana. "Sem dúvida que o público usuário de uma via para bicicletas aproveitaria o trajeto para dar uma paradinha a fim de comprar ou almoçar".
Além de aumentar a segurança dos ciclistas, a presidente da AMEPI também afirma que a proposta protegeria os pedestres. "Está ficando impossível se caminhar na região, com bicicletas correndo pelas calçadas, eu mesma já fui atropelada. Um espaço reservado para ambos respeitaria o direito de todos".
Ana Maria também afirma que a inauguração de uma estação do Metrô na rua também pode incentivar a viabilização da ideia nos próximos anos. "É preciso lembrar que os ciclistas vão precisar de pontos para deixar suas bikes, caso queiram utilizar o transporte público".
No ano passado, a AMEPI consultou a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) sobre a possibilidade de uma via exclusiva para bicicletas na Rua dos Pinheiros. De acordo com os técnicos do órgão, a implantação de uma ciclovia não seria fácil, pois para isso seria necessária a retirada ou encurtamento de uma das faixas dos carros.
Ainda segundo os especialistas do órgão, o modelo de via ideal para circulação de bicicletas na Rua dos Pinheiros é a ciclofaixa, demarcada pela cor vermelha no asfalto. A ciclorrota seria outra alternativa, porém é mais indicada para ruas onde o trânsito é menos intenso.
1 – Ciclofaixa definitiva em Moema, zona Sul, modelo pode ser implantado na Rua dos Pinheiros / Tomás Fernandes
Ciclofaixa
O cicloativista Willian Cruz, da ONG Vá de Bike, também defende a opção. "Devido à necessidade de acesso dos automóveis aos lotes lindeiros, não seria adequado implementar uma via segregada. A melhor solução seria retirar a área de estacionamento à direita para implementar uma ciclofaixa, semelhante à de Moema, porém bidirecional. Isso porque a Rua dos Pinheiros segue em apenas um sentido e não há alternativa igualmente plana na região, já que a Avenida Rebouças é perigosa".
De acordo com ele, um ramal para bicicletas na Rua dos Pinheiros seria uma oportunidade para ampliar a infraestrutura cicloviária da região. "A ciclofaixa proporcionaria uma ligação entre as ciclovias das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Sumaré, mas esta última precisaria ser estendida ao longo da Avenida Henrique Schaumann. Isso seria ótimo, pois hoje a da Sumaré deixa os ciclistas em uma situação crítica em termos de viário".
Para que a ciclofaixa seja implantada, Willian Cruz recomenda que sejam feitas algumas intervenções. "É necessária a sinalização vertical nas vias que dão acesso à Rua dos Pinheiros pela sua direita, informando aos motoristas sobre a circulação de bicicletas em ambos os sentidos".
Em esquinas não semaforizadas, ele afirma que a preferência será sempre da bicicleta, mesmo sobre automóveis que desejem entrar em uma rua ou garagem. "Isso deve ficar claro na sinalização, tanto horizontal quanto vertical, pois é base para a segurança dos ciclistas".
Apesar de a ideia de uma via para bicicletas na Rua dos Pinheiros já ser debatida por cicloativistas, a Prefeitura de São Paulo ainda não tem nenhum estudo em andamento sobre o tema. No entanto, a AMEPI pretende levar a diante a proposta.
Entenda
Ciclovia - via exclusiva para bicicletas, construída separada e paralelamente ao leito carroçável dos carros. Exemplo: canteiro central das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Pedroso de Moraes.
Ciclofaixa - faixa pintada na pista dos veículos motorizados, geralmente utilizada para o lazer e identificada pela cor vermelha. Foi implantada em caráter definitivo no bairro de Moema, zona Sul.
Ciclorrota - via compartilhada com veículos motorizados, geralmente em ruas locais e com tráfego calmo. Identificadas por desenhos brancos de bicicletas no asfalto. As bicicletas devem ter preferência para circular nestes locais.
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