Em maio, as vendas de automóveis na Europa caíram para o patamar mais baixo das duas últimas décadas. Só nos primeiros cinco meses do ano, a queda foi de 6,8%. Alemanha, França e Itália, responsáveis por quase metade das vendas na região, apresentaram quedas que chegaram a dois dígitos: no mercado alemão, 8,8%; 11,9% na França e 11,3% na Itália.
Foi a maior baixa em 17 anos, e as perspectivas não são boas. De acordo com a agência de notícias Reuters, a demanda europeia deve se contrair ainda mais este ano, fazendo as montadoras de grande volume de veículos sofrerem com o excesso de capacidade, de um lado, e com o corte nos preços, de outro.
O cenário, porém, é um contraste em relação à situação vista no Brasil. Por aqui, segundo números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), nos últimos dez anos o número de carros circulando nas grandes cidades sofreu um aumento de 50%. Em capitais como Brasília e Manaus, a porcentagem é ainda maior: de 90% na Capital Federal e 138% na capital do Amazonas.
Os números mostram o nível histórico que a venda de automóveis atingiu no Brasil. Com taxas de juros mais baixas e redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), os brasileiros estão comprando mais carros do que nunca. Nos primeiros quatro meses do ano, o número de veículos vendidos alcançou a marca de 1,164 milhão. A frota nacional passa de 77 milhões de carros. O resultado? Em junho de 2012, São Paulo registra o maior congestionamento da história, com 292 km de carros engarrafados.
Ônibus em corredor exclusivo ao lado do congestionamento: priorização do transporte coletivo (Foto: Fishkid/Flickr)
A cultura do carro, tido e vendido como símbolo de status, ainda tem força no Brasil. Cidades menores passam a conviver com os mesmos problemas das capitais, e estas, por sua vez, encontram-se cada vez mais esgotadas. Nesse cenário, a priorização do transporte coletivo e de modais não motorizados aparece como uma necessidade urgente. Os ônibus desempenham uma função indispensável para a mobilidade nas cidades, oferecendo vantagens de flexibilidade quanto a itinerários e adaptação às modificações das vias urbanas. O investimento no setor, se acompanhado por um esforço de conscientização dos motoristas, pode ser a resposta para a mobilidade urbana. A premissa é simples: não são as cidades que devem se adaptar à quantidade de veículos nas ruas; é o uso do carro que deve ser planejado.
Fonte: Reuters, Denatran, Globo.com
Este texto foi publicado originalmente no site The City Fix Brasil.
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