A mobilidade urbana dos torcedores durante a Copa das Confederações foi avaliada como satisfatória pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Contudo, apostar em demasia na acessibilidade através dos ônibus como em Salvador, ou condicioná-la mais ao metrô como no Rio de Janeiro estão entre as práticas não recomendadas pela entidade.
A série de êxitos, falhas e melhorias a serem realizadas compõem um estudo destinado às administrações públicas, especialmente aquelas que não foram testadas durante a Copa das Confederações, com vistas à Copa do Mundo, em 2014. Ele foi apresentado na tarde de ontem, no Seminário Nacional da NTU, em um hotel na zona sul de São Paulo.
A NTU destacou especialistas em mobilidade urbana para, na condição de usuários de serviços públicos e privados (linhas de ônibus executivos), avaliarem a qualidade do transporte disponível. Eles atribuíram notas na escala: péssimo, ruim, regular, satisfatório, bom, ótimo e excelente.
“A análise partiu de três questões primárias: toda a operação funcionou, ou seja, as pessoas chegaram e saíram do estádio? O plano de execução esteve alinhado às práticas mais interessantes de longo prazo? Ele esteve dentro da política nacional de mobilidade urbana?”, explicou o diretor técnico da NTU, André Dantas, coordenador do estudo.
O melhor resultado foi obtido por Belo Horizonte, cuja operação foi observada na partida Brasil 2 x 1 Uruguai, a semifinal, disputada dia 26 de julho, no Mineirão. O sistema privilegiou o uso de ônibus e foi classificado como bom, embora os torcedores tenham levado 2h30 para deixar o estádio.
Como justificativa, o avaliador destacou a flexibilidade da operação em meio a uma das maiores manifestações populares ao redor de uma arena. Avenidas e ruas foram fechadas e os trajetos dos ônibus alterados em poucas horas.
“Posso dizer que trabalhamos com a Fifa pode tudo, eu que me vire. Faltando 15 dias para o jogo, a entidade mudou toda a lógica de atendimento aos seus clientes”, criticou José Gabriel Gazolla, coordenador de mobilidade urbana da cidade para a Copa do Mundo.
O Rio de Janeiro também obteve conceito bom, devido a acessibilidade ao estádio pelo metrô para a final Brasil 3 x 0 Espanha, no dia 30, no Maracanã. Mas críticas foram feitas ao sistema pelo aproveitamento mais restrito dos ônibus, cuja importância deveria ser conhecida pela prefeitura de uma cidade com o costume de receber grandes eventos. Nenhum representante do município ou estado participou do evento.
O pior desempenho foi atribuído a Salvador. Segundo a NTU, faltou organização operacional, o que proporcionou conflitos entre os modos de transporte – os ônibus foram a maioria.
“Discordo da avaliação. Entendo que provamos sim capacidade de atendimento. Mas cabe ressaltar que nós não temos na matriz de responsabilidades do governo federal obras previstas para o evento”, argumentou Graice Gomes, coordenadora de mobilidade urbana da cidade para a Copa do Mundo.
Para todas as cidades, incluindo Fortaleza, Recife e Brasília, as demais avaliadas, a NTU ressalta a necessidade de melhorias de comunicação para facilitar a acessibilidade.
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