O governo e a Prefeitura de São Paulo apresentaram nesta segunda-feira (8) projetos de R$ 17,3 bilhões para o transporte público na região, para serem bancados com os R$ 50 bilhões anunciados pela presidente Dilma Rousseff como resposta à onda de protestos.
Em reunião com a ministra Miriam Belchior (Planejamento), o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediram investimentos em corredores de ônibus, linhas de metrô e estações de trem.
Os projetos ainda serão analisados e as obras podem levar até quatro anos. A ministra Miriam Belchior, por um lado, elogiou os projetos e disse que estão em "sintonia" com a preocupação em priorizar o transporte coletivo.
Mas a ministra ainda não explicou de onde virão os R$ 50 bilhões nem quando os projetos deverão ser aprovados pelo ministério.
"Isso rapidamente será informado aos senhores. Ainda estamos fazendo as contas para isso. Temos essa primeira rodada até quarta-feira e vamos trabalhar as informações para que a gente possa anunciar o mais rapidamente possível, se não na semana que vem, na outra semana. Pelo menos se não o total dos R$ 50 bi, talvez uma primeira parte, ainda não temos certeza do procedimento", disse Miriam Belchior.
Não há garantias que todos os projetos oferecidos serão aprovados, uma vez que os valores pedidos por prefeitura e governo de São Paulo podem consumir quase 35% dos R$ 50 bilhões anunciados por Dilma.
O governo de São Paulo apresentou uma demanda de R$ 10,8 bilhões e a prefeitura R$ 6,5 bilhões. Esses valores se somariam aos R$ 25 bilhões que a cidade e Estado devem receber do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) --R$ 16 bilhões já estão em obras.
PROJETOS
Geraldo Alckmin disse que a prioridade é o metrô, por ser um transporte coletivo de "alta capacidade e qualidade". Foram apresentados projetos para prolongar a linha 5-lilás até Jardim Ângela e um prolongamento da linha 2-verde entre Vila Prudente e Tiquatira.
Há também um prolongamento da linha 9 de trem até Varginha, na zona sul, e a reforma de 30 estações.
O governo pediu ainda uma linha do corredor metropolitano, ligando a região do ABC até Guarulhos, e outra entre Campinas e Sumaré --esta última já tem o projeto pronto e por isso é prioridade.
"A reunião foi proveitosa, importantíssima. Todos os projetos são extremamente estratégicos e integrados com municípios. Hoje são 7,3 milhões de viagens passageiro/dia", disse Alckmin após a reunião em Brasília.
Já o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pediu investimentos em corredores de ônibus.
Os projetos totalizam 250 km e Fernando Haddad disse que 150 km devem estar prontos até 2016. "Teremos condição de ter todas as obras contratadas, os 150 km de corredores, para execução a partir do segundo semestre e todas as obras tendo início em 2014 na pior das hipóteses", disse.
Haddad pediu, ainda, uma "inovação institucional" para destravar as obras de transporte coletivo. Assim como o governo criou um modelo de licitação diferenciado para obras da Copa, o prefeito de São Paulo defendeu que as licenças ambientais _--um dos principais entraves burocráticos-- sejam mais ágeis para obras de transporte coletivo.
"Outros países do mundo, desenvolvidos, em virtude do benefício que o transporte de massa traz para o meio ambiente, tem uma legislação própria para o licenciamento ambiental. Você tira carro, deixa de emitir carbono e passa a privilegiar o transporte público", disse Haddad.
O prefeito de São Paulo pediu que o processo de desapropriação seja desburocratizado. "Trouxemos a proposta de atualizar esse decreto, da época de Getúlio Vargas, para dar agilidade à execução, permitindo que as cidades possam se apropriar da valorização que as obras de infraestrutura acabam trazendo para os terrenos privados".
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