RJ vai pedir à União investimentos diretos em mobilidade urbana

O governador Sérgio Cabral solicitará ao governo federal cerca de 2,5 bi para construção de um monotrilho para a Linha 3

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Fonte: O Globo  |  Autor: Rafael Galdo  |  Postado em: 06 de julho de 2013

Com monotrilho obra teria economia de R$ 1,5 bilhõ

Com monotrilho obra teria economia de R$ 1,5 bilhões

créditos: Divulgação

 

O governador Sérgio Cabral solicitará ao governo federal semana que vem investimentos diretos da União para a construção da Linha 3 do metrô, ligando Niterói a Itaboraí, passando por São Gonçalo, uma velha promessa para melhorar os transportes da Região Metropolitana do Rio. Durante um evento no Palácio Guanabara nesta quinta-feira, ele anunciou que fará o pedido em reunião, na próxima segunda-feira, com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Segundo Cabral, no encontro ele apresentará um projeto diferente do original, substituindo o metrô tradicional provavelmente por um monotrilho. Com isso, disse o governador, o custo da obra cairia de aproximadamente R$ 4 bilhões para cerca de R$ 2,5 bilhões a R$ 2,8 bilhões.

 

— Vou pedir tudo (o valor na íntegra) ao governo federal — disse Cabral, após, no fim do mês passado, a presidente Dilma Rousseff prometer R$ 50 bilhões para resolver gargalos de mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras, em resposta às manifestações que tomaram o país nas últimas semanas.

 

Cabral listou investimentos recentes do Estado do Rio no setor, como a construção da Linha 4 do metrô e a renovação da frota dos trens da SuperVia. E ressaltou que o pedido ao governo federal será de aplicação direta de recursos do Orçamento Geral da União na obra da Linha 3, e não em forma de financiamento.

 

— Financiamento eu pago — afirmou ele, para depois fazer uma referência ao pronunciamento da presidente, no auge dos protestos mês passado, em que ela disse que o dinheiro do governo federal gasto com as arenas de futebol para a Copa do Mundo era fruto de financiamento e que seria devidamente pago pelas empresas e governos que exploram os estádios. — (Essa lógica) vale para o Maracanã. Mas vale também para o metrô, a SuperVia e as Barcas — continuou.

 

No mesmo evento, outro pleito apresentado pelo governador foi a redução das dívidas pagas pelos estados à União, como forma de aumentar sua capacidade de investimento. Para Cabral, são “absurdos” os juros que incidem contra os estados no pagamento dessas dívidas. Apenas este ano, afirmou ele, o Rio vai pagar R$ 7 bilhões à União.

 

— É sufocante. O indexador é absolutamente pernicioso, incompatível com o Brasil que a presidenta Dilma tanto preza. Ela tem feito um esforço para que as pessoas paguem menos juros. Mas nós pagamos juros absurdos de dívida, superior à taxa Celic. Além disso, pagamos uma alíquota da receita líquida (do estado) de 13%. Tem o equilíbrio fiscal brasileiro, mas não se pode fazer às custas do sofrimento dos estados brasileiros. Principalmente São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro não aguentam. Quanto mais arrecadamos, mais pagamos. É um debate que não dá para adiar mais — disse Cabral.


Governador lamenta mortes na Maré

As declarações do governador foram dadas após ele ser questionado sobre o que poderia ser feito para atender às reivindicações que surgiram dos protestos das últimas semanas. Segundo ele, é preciso ouvi-las e aprofundar os debates em questões como a mobilidade urbana. Cabral comentou ainda a queda na aprovação de seu governo após as manifestações. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última segunda-feira, a avaliação do governador caiu 30 pontos percentuais, considerando um período de dois anos e meio em relação ao último levantamento: passou de 55% de ótimo ou bom, em novembro de 2010, para 25%, este mês.

 

— Sempre respeitei pesquisa. É uma fotografia de momento. Mas é uma leitura equivocada dizer que houve redução de 30 pontos percentuais (da aprovação), porque é uma comparação com o melhor momento de avaliação do governo — defendeu ele. — Ao mesmo tempo, a situação é em decorrência das manifestações. Atingiu as instituições e toda a classe política, não só no Rio. É consequência de um momento que o Brasil passou e passa que todos temos que encarar com humildade e entender esse processo — continuou.

 

Já sobre denúncias de possíveis abusos cometidos pela Polícia Militar durante os protestos, Cabral disse que todas devem ser investigadas. Segundo ele, a orientação aos policiais é sempre respeitar as manifestações, ao mesmo tempo que impedir o vandalismo e a baderna. Cabral lamentou as dez mortes, no último dia 24, no Complexo da Maré, durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para reprimir bandidos que tentavam se aproveitar de uma manifestação na Avenida Brasil para cometer assaltos. Ele lembrou, porém, que o conjunto de comunidades abriga hoje três facções criminosas, e reiterou que a região receberá a próxima Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio.

 

Quanto ao protesto que por quase duas semanas ocupou a esquina da Rua Aristides Espínola, onde ele mora, com a Avenida Delfim Moreira, no Leblon, ele disse que não devem ser tolerados impedimentos ao direito de ir e vir das pessoas.

 

— Manifestação deve ser sempre respeitada. E temos de ter tolerância e respeito por ela. Isso não tem nada a ver com acampamento. Acampar numa rua não pode nem na Delfim Moreira, nem na Aristides Espínola, nem na Rua Riachuelo, Dias da Cruz, nem nas avenidas Santa Cruz ou Brasil... Em lugar algum pode se tolerar o impedimento do ir e vir — afirmou ele, completando que manifestações contra o governador devem ser feitas, de forma ordeira e pacífica, na porta da sede do governo.

 

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