Mobilidade urbana, distribuição de ingressos, acesso à Internet e venda de alimentos dentro dos estádios são as áreas que mais precisam melhorar para a Copa do Mundo de 2014, disse à Reuters o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, nesta segunda-feira.
O principal representante do governo federal envolvido diretamente na organização do Mundial disse que o acesso dos torcedores aos estádios e os sistemas de comunicação dentro das arenas poderiam ter apresentado menos problemas se os estádios tivessem ficado prontos antes, o que possibilitaria a realização de mais testes.
Mesmo assim, ele considera que o Brasil passou no teste imposto pela Copa das Confederações.
"Quanto mais em cima da hora, menos tempo para testar", disse Fernandes à Reuters no Maracanã, palco da final da Copa das Confederações, no domingo, e do Mundial de 2014. "Nas circunstâncias criadas, acho que fomos aprovados."
Entre os problemas identificados, o acesso aos estádios e os serviços de comunicação são áreas de responsabilidade do governo federal, enquanto a venda e distribuição dos ingressos e os serviços de alimentação dentro das arenas, que estão entre os temas que mais causaram problemas aos torcedores, fazem parte dos encargos da Fifa.
"O governo vem acompanhando desde o início da Copa da Confederações o funcionamento de áreas e setores envolvidos no evento, e o mapeamento identificou a necessidade de avanços na mobilidade urbana e na conexão à Internet", disse Fernandes.
"Foram aprovados esses serviços, mas ainda não chegaram no nível que nos queríamos e podem melhorar até o Mundial." Entre os problemas citados por Fernandes, o transporte de torcedores para as arenas parece ser o maior desafio a ser resolvido antes da Copa do Mundo. Entre as 53 obras de mobilidade para a Copa, nenhuma estava pronta em dezembro, segundo balanço do governo.
Torcedores reclamaram da dificuldade para chegar à Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, a 20 quilômetros de Recife. O metrô, Meio de transporte mais fácil para acessar o estádio, não suportou o fluxo de pessoas e muitos torcedores ficaram horas esperando em filas.
Segundo Fernandes, a situação melhorou do primeiro jogo no estádio (Espanha x Uruguai) para o segundo (Itália x Japão), "mas a lição é que pode mudar mais".
O secretário-executivo do Ministério do Esporte disse que governo e organizadores da competição também receberam muitas reclamações de torcedores que ficaram sem conexão à Internet durante os jogos.
Operadoras de telefonia tiveram de correr contra o tempo para instalar antenas extras, uma vez que somente dois estádios (em Fortaleza e Belo Horizonte) ficaram prontos dentro do prazo original --dezembro de 2012-- entre os seis da Copa das Confederações.
Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Brasília só inauguraram suas arenas neste ano e, ainda sim, sem estar com as obras 100 % concluídas.
"O sinal (de Internet) foi muito desigual dentro dos estádios. Temos que padronizar e definir que medidas teremos que fazer em termos de antenas", disse.
Gramados
Os gramados das arenas da Copa das Confederações também representaram problemas em consequência dos atrasos nas construções dos estádios. O campo do estádio Mané Garrincha, que recebeu a partida de abertura, não aguentaria a um segundo jogo, de acordo com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
A própria seleção brasileira transferiu um treino marcado para a Arena Fonte Nova antes da partida contra a Itália, em Salvador, para preservar o gramado.
"Temos espaço para melhorar... Os gramados ainda eram jovens e podem melhorar e poderíamos fazer mais testes", reconheceu o presidente-executivo do Comitê Organizador Local da Copa, Ricardo Trade, a jornalistas.
Ingressos
Embora a venda e a distribuição de ingressos seja uma atribuição exclusiva da Fifa, o governo está trabalhando com a entidade para realizar um aperfeiçoamento para a Copa de 2014, quando serão mais ingressos e o dobro de estádios envolvidos na competição.
Filas enormes se formaram nos pontos de retirada de ingressos antes da Copa das Confederações, com alguns torcedores tendo que esperar até duas horas para pegar suas entradas no Rio de Janeiro, apesar de agendamento prévio.
O próprio secretário-geral da Fifa reconheceu a falha. Segundo ele, no entanto, a primeira metade da competição foi aprovada.
"Há vários probleminhas tal como o controle nos ingressos. Isso é trabalho interno nosso e estamos trabalhando, mas não tem nenhuma questão maior", disse Valcke.
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