Segundo o MPF-CE (Ministério Público Federal do Ceará), apenas 15% das obras teriam sido concluídas, dado que já faz o órgão pensar em pedir a retirada do projeto da Matriz de Responsabilidades do Mundial.
"Nós estamos acompanhando a obra do VLT. Pelos últimos documentos, deu para ver que provavelmente ela não ficará pronta até a Copa. Por isso, estamos avaliando se não é o caso de tirá-la da Matriz de Responsabilidades, para que o processo possa ser feita com calma. Ainda estamos avaliando, mas é uma chance bastante grande", disse Alessander Salles, procurador da República que está trabalhando no caso.
O dado apresentado pelo MPF conflita com o da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado, responsável pelo VLT, que fala em 30% das obras concluídas. Além disso, a pasta ainda promete que tudo será entregue no primeiro trimestre de 2014, a tempo da Copa do Mundo.
A discrepância dos dados pode decidir o futuro da obra. Se o MPF conseguir tirar o VLT da Matriz de Responsabilidades, os prazos para a execução da obra tornam-se mais maleáveis. Há uma preocupação por parte do órgão e de movimentos sociais de que, para a conclusão do projeto, muitas famílias tenham de ser desalojadas.
"A Secretaria fala na remoção de 2.145 famílias, mas a conta deles leva em conta o número de casas em fotos aéreas. Nós sabemos que há muitas casas com mais de uma família. Para nós, é possível que cerca de 12 mil pessoas sejam afetadas", disse André Lima, membro do Comitê Popular da Copa de Fortaleza, que questiona os gastos com grandes eventos na região.
Salles fala em um número menor, mas ainda assim relevante. "Acho que 12 mil famílias é um número totalmente exagerado. Nós trabalhamos com 5 mil. Se tirarmos da matriz, isso nos dá mais tempo para negociar a retirada com mais calma", disse o procurador.
A obra é considerada fundamental para a Copa do Mundo de 2014. Segundo a Secretaria, serão 12,7 km entre a Estação Porangaba, que fica a 3 km do aeroporto internacional, e o Porto do Mucuripe, próximo à principal região hoteleira da cidade.
Ao todo, o Estado pretende gastar R$ 273,8 milhões com o VLT. Até agora, a remoção das famílias tem sido o maior problema para o andamento das obras. Ao mesmo tempo, é a maior bandeira dos movimentos sociais, que seguem o andamento dos protestos pelo Brasil e prometem reclamar da situação nesta semana em que a seleção está na cidade.
Na última segunda, um grupo de manifestantes já foi até o hotel da seleção reclamar do legado da Copa do Mundo. Na próxima quarta, dia do jogo entre Brasil e México, no Castelão, a cena deve se repetir, dessa vez diante do estádio.
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