Mestre em transporte pela USP e professor da faculdade Moura Lacerda, Creso de Franco Peixoto diz que o trânsito sufocado é uma tendência mundial e que, em Ribeirão, atingiu níveis onde não há mais solução se se mantiverem as ruas como estão.
"Estamos com um nível de motorização considerado excessivo para que se continue usando a fórmula de aumentar ruas, avenidas e faixas de trânsito", diz Peixoto. Há 1,5 habitante para cada veículo no município.
Para a atual situação, o plano ideal é diminuir os espaços de carros e motos e incentivar o uso de ônibus e a circulação a pé. Porém, para funcionar, teria de ser adotado o sistema BRT (Bus Rapid Transit, ou trânsito rápido de ônibus), semelhante ao adotado em Curitiba (PR).
Nele, os coletivos trafegam em velocidade maior, em faixas exclusivas, e fazem menos paradas nos pontos, incentivando o uso do sistema de transporte de massa.
Outro ponto é o investimento em segurança pública, para que as pessoas voltem a andar a pé pelas ruas sem o medo de serem assaltadas, por exemplo.
NUMA SÓ DIREÇÃO
Mais heterodoxa, como ele próprio classifica, outra alternativa que pode ajudar a desafogar o centro seria criar uma rótula de trânsito rápido. Nela, grandes avenidas teriam todas as pistas seguindo em apenas uma direção.
"Seria como colocar a Francisco Junqueira, a Jerônimo Gonçalves, a Caramuru, a João Fiúsa e a Presidente Vargas, todas com mão única. É uma alternativa que já foi pensada para Campinas, e deveria se pensar também para Ribeirão Preto."
Mais ortodoxo, o especialista em transportes e professor titular da USP José Bernardes Felex diz que é necessário obter a confiabilidade no transporte coletivo, mas faz ressalvas ao modelo adotado por Ribeirão Preto, que valoriza o ônibus.
Para ele, o ideal seria diversificar as soluções, como o veículo leve sobre trilhos, que cumpre trajetos de formas mais rápidas.
"Enquanto Ribeirão Preto não pensar em seu futuro e adotar, por exemplo, o transporte com trilho, que possa passar por cima das vias, não tem jeito [de melhorar]", diz.
Ele também afirma que as melhorias com adaptações do transporte coletivo mantendo as vias atuais, conforme prevê o atual contrato para exploração do serviço, só serão efetivas por um tempo.
De acordo com José Felex, mesmo o transporte por ônibus tem uma capacidade máxima e só funcionaria com a eliminação dos carros das ruas. Mas ele mesmo diz que isso é inviável. Uma "solução" que nunca acontecerá.
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