O prefeito Fernando Haddad (PT) impôs uma condição para dialogar com os manifestantes que já fizeram dois protestos contra a alta das tarifas de transporte em São Paulo: diz que eles precisam "mudar de estratégia" e "renunciar à violência". O preço da passagem de ônibus passou de R$ 3,00, para R$ 3,20 em 1º de junho.
Para ele, a PM, que reprimiu os protestos na semana passada com bombas de gás e balas de borracha, agiu para manter ruas livres e garantir a integridade de quem não participava do ato.
"O problema é que a Polícia Militar tem que seguir protocolos e um deles é manter vias expressas desimpedidas, porque isso coloca pessoas que estão circulando em risco", disse ele em entrevista à Folha no sábado (8). "A [região da] Paulista tem hospitais que atendem boa parte da população. Se estiver obstruída, haverá risco (...)", afirmou o petista, sobre a atuação da polícia.
Nova manifestação
O MPL-SP (Movimento Passe Livre - São Paulo), uma das organizações responsáveis pelos protestos contra o aumento das tarifas de transporte público na capital divulgou nota pública em que critica declarações do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e convoca uma nova manifestação para a terça-feira (11).
No texto, o grupo diz que a desoneração dos impostos sobre os combustíveis --medida defendida por Haddad como alternativa para baixar a tarifa de ônibus-- é uma bandeira dos empresários do ramo: "desonerar impostos, aumentar subsídios e ainda aumentar a tarifa".
Em entrevista a "O Estado de S. Paulo", o prefeito disse que buscaria ajuda do governo federal para municipalizar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), imposto federal que incide sobre os combustíveis.
Haddad também disse que seriam necessários R$ 6 bilhões para a implantação da tarifa zero no sistema de ônibus da capital, uma das reivindicações do MPL, e que não haveria como obter esses recursos, em detrimento de investimentos em outras áreas.
No comunicado, o MPL rebate dizendo que a previsão orçamentária da cidade passou de R$37 bilhões em 2012 para R$43 bilhões em 2013 - "os 6 bi necessários para a tarifa zero".
Sobraram críticas também para o bilhete único mensal, projeto de Haddad que só beneficiaria 10% dos usuários, segundo o movimento, e para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"O governador Geraldo Alckmin parece não ter entendido (ou finge que não entendeu) que as mobilizações não são apenas contra o aumento das tarifas de ônibus: os aumentos do metrô, CPTM e dos intermunicipais são igualmente injustos", diz o texto.
O movimento marcou um novo ato na av. Paulista, com concentração na praça do Ciclista, às 17h da terça-feira, além de prometer ocupar "ruas dos bairros ao longo de toda semana".