Transporte sobre trilhos: rede cresce, mas não acompanha a demanda

Balanço do setor destaca ainda que, dos cinco projetos de mobilidade sobre trilhos da Copa 2014, apenas dois têm uma mínima chance de serem concluídos a tempo

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Fonte: Assessoria ANPTrilhos  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 04 de junho de 2013

Mais passageiros para menos trilhos do que o neces

Estação lotada: sobram passageiros, faltam trilhos

 

Estudo divulgado nesta terça-feira (4), em Brasília, mostra que mais passageiros estão sendo transportados sobre trilhos no país, mas que o crescimento da malha ferroviária para trens e metrôs segue sendo inferior à demanda de passageiros. A conclusão é do Balanço do Setor Metroferroviário 2012/2013, elaborado pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que representa 98% dos operadores metroferroviários do Brasil.

 

Além disso, dos cinco projetos de mobilidade sobre trilhos desenvolvidos em função dos jogos da Copa do Mundo de 2014, apenas dois ainda têm alguma chance de ser concluídos a tempo da Copa: os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) de Fortaleza e de Cuiabá, avalia o presidente do Conselho da Associação, Joubert Fortes Flores Filho. Apesar do atraso, Joubert acredita que a rede atual ferroviária terá condições de, no ano que vem, transportar todo o público que virá para o evento esportivo.

 

Projetos para a Copa

Dos cinco projetos prioritários, três foram retirados da matriz de responsabilidade do governo e não ficarão prontos para a Copa. São eles: VLT de Brasília; monotrilho de São Paulo (linha 17) e monotrilho de Manaus. Quanto aos outros dois, o VLT de Cuiabá enfrenta problemas com o Ministério Público e a Justiça Federal e pode não ficar pronto até a Copa, assim como o VLT de Fortaleza, em que há problemas na desapropriação das áreas para a passagem da via. 

 

Gestão de projetos

O balanço da ANPTrilhos destaca que o Brasil precisa desenvolver sua capacidade de gestão de projetos para poder concretizar as obras de infraestrutura previstas. A posição da entidade é que, mesmo fora do prazo, os projetos previstos não devem ser abandonados pois são a garantia de mobilidade da população de nossas cidades. 

 

Há em licitação/execução 22 projetos, grande parte deles em fase adiantada de desenvolvimento. Com estes projetos, o Brasil poderá dobrar sua malha metroferroviária de passageiros até 2018, informa a Associação. São 1.136 km em novos projetos de trilhos, que incluem metrôs, VLTs, monotrilhos e trens regionais.

 

Segundo a Associação, hoje no Brasil só doze, das 63 médias e grandes regiões metropolitanas, possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. Dada a atual taxa média de crescimento da população brasileira, até 2016 mais oito regiões farão parte desse rol, o que justifica a a ampliação do investimento no setor, defende a ANPTrilhos.

 

A seguir, as principais constatações do Balanço da ANPTrilhos:

 

- O Brasil transportou em trens e metrôs 2,6 bilhões passageiros em 2012. Esse total representa um crescimento de 8% em relação ao ano de 2011. A previsão para 2013 é de que esse número seja 10% superior;

 

- Trens e metrôs transportaram, no ano passado, 9 milhões de passageiros diariamente, um crescimento de 3,8% em relação ao número de passageiros diários que utilizavam os sistemas em 2011;

 

- O crescimento da malha ferroviária de passageiros não acompanhou o crescimento da demanda. Nenhum novo sistema de transporte de passageiros sobre trilhos foi implantado no Brasil desde 2010. O aumento inexpressivo da rede foi de apenas 3,2% em 2012, em comparação com 2011; 

 

- O setor transporta uma quantidade de usuários no limite de sua capacidade o que, por consequência, explica os altos níveis de lotação dos principais sistemas. 

 

- O sistema de transporte sobre trilhos não contribuiu, em 2012, para o aumento da inclusão social daqueles que ainda hoje não têm acesso a um sistema de transporte de qualidade. A participação do sistema sobre trilhos ocupa apenas 3,8% de participação na matriz de transporte urbano. Segundo a ANPTrilhos, é necessário ampliar os investimentos nesse setor;

 

- O país continua com 15 sistemas urbanos de transporte de passageiros sobre trilhos, implantados em 11 Estados. Atualmente, esses sistemas cobrem menos do que 45% dos estados brasileiros;

 

- O sistema de transporte de passageiros sobre trilhos totalizou no ano passado 1.028 km de extensão, divididos em 38 linhas, 491 estações e uma frota de 3.919 carros;

 

- Acessibilidade: entre 2011 e 2012 também não houve investimentos significativos na acessibilidade do cidadão. Se for considerada a linha Sul do metrô de Fortaleza, inaugurada em junho de 2012, verifica-se que apenas essa nova linha entrou em operação (20 estações), além de 4 estações inauguradas em outras linhas existentes;

 

- Apesar do aumento da rede de 3,2% em 2012, o consumo energético permaneceu praticamente o mesmo de 2011 (1,8 GWH), representando cerca de 0,5% do consumo total energético do país – o que demonstra o esforço do setor para aumentar sua eficiência energética. Diversas operadoras investiram na modernização de seus sistemas e de sua frota;

 

- Para efeito de comparação, considerando os padrões dos diversos sistemas de transporte no mundo, os sistemas sobre trilhos chegam a emitir cerca de 60% menos gases de efeito estufa (GEE) que os automóveis e 40% menos que os ônibus;

 

- Outra comparação é sobre a capacidade de transporte de passageiros: uma única linha implantada de metrô, por exemplo, é capaz de transportar cerca de 60 mil passageiros por hora/sentido. Já, o automóvel e o ônibus têm capacidade de apenas 1,8 mil e 5,4 mil passageiros, respectivamente;

 

- Dessa forma, nos centros urbanos onde há sistemas metroferroviários de passageiros implantados, cerca de 1 milhão de automóveis e mais de 14.000 ônibus ficam fora de circulação por dia, com benefícios diretos e indiretos ao trânsito, redução na emissão de gases, no tempo de deslocamento da população e no consumo de combustíveis, e diminuição também de acidentes no trânsito.

 

Projetos com potencial para operar até 2018

 

Metrô:

Linha Sul do Metrô de Fortaleza – 24,1 km (implantação) 

Linha Leste do Metrô de Fortaleza – 13 km (implantação) 

Linha Lapa a Pirajá (Linha 1) do Metrô de Salvador – 12 km (implantação) 

Linha Bonocô ao Aeroporto (linha 2) do Metrô de Salvador – 20 km (implantação) 

Linhas Sul e Centro do Metrô de Recife  - 57,5 km (ampliação)

Linha 2 do Metrô de Belo Horizonte – 10 km (implantação) 

Linha 3 do Metrô de Belo Horizonte – 4,5 km (implantação)

Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro  - 14 km (implantação)

Linha 6 do Metrô de São Paulo – 34,6 km (implantação)

Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo  - 11,9 km (extensão)

Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo – 3,9 km (extensão)

Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo – 10,1 km (extensão)

Linha 8 da CPTM (SP) – 6,3 km (extensão)

Linha 1 do Metrô de Curitiba – 14,2 km (implantação)

Linha 1 do Metrô de Porto Alegre - 14,9 km (implantação)

 

VLT

VLT de Fortaleza – 12,7 km

VLT Sobral (CE)  - 11 km

VLT de Brasília - 6,4 km

VLT de Goiânia – 13,2 km

VLT de Cuiabá - 22,2 km

VLT de João Pessoa - 30 km

VLT Recife - 30 km

VLT área central e portuária do Rio de Janeiro - 28 km

VLT de Natal - 56 km

VLT de Baixada Santista (SP)  - 15 km

VLT São José dos Campos (SP)  - 94 km

 

Monotrilho

Monotrilho de Manaus - 20,2 km

Monotrilho de São Paulo (Linha 15 - Prata) – 22,2 km

Monotrilho de São Paulo (Linha17 - Ouro) – 14,3 km

Monotrilho de São Paulo (Linha 18-Bronze) - 14,3 km

 

Trens regionais

Trem Brasília-Goiânia - 200 km

Projeto Trens Intercidades  (SP) - 432 km

 

Veja o balanço na íntegra




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