Andar de bicicleta em Salvador é tarefa difícil: é preciso dividir as ruas congestionadas com motoristas, que não respeitam os ciclistas e às vezes até provocam atropelamentos. Para piorar, a capital baiana tem apenas uma ciclovia de lazer situada na orla, entre Amaralina e Itapuã. Mas, como há pouco espaço, muitos pedestres correm ou andam no local reservado aos ciclistas.
Para chamar atenção das autoridades, mais de 300 ciclistas participaram nesse domingo (2) de um passeio organizado pela Associação dos Bicicleteiros do Estado da Bahia (Asbeb) e percorreram 35 km. Eles saíram do estacionamento em frente à Arena Fonte Nova, acompanhados por batedores da Transalvador e uma viatura da Polícia Militar, percorreram vários bairros, entre os quais Vasco da Gama, Rio Vermelho, Ondina e Centro.
Conforme o presidente da Asbeb, Maurício Silva Cruz, todo início de mês eles organizam (pela internet) um passeio desta natureza pela cidade. Há mais de dez anos Cruz vem chamando atenção das autoridades para construção de ciclovias pela cidade.
O número de ciclistas vistos pelas ruas cresce a cada dia e hoje é maior a busca por mais respeito e reconhecimento de quem conduz outros veículos. Mas, para quem cruza a cidade pedalando sobre duas rodas, muita coisa ainda precisa melhorar.
“Hoje o trabalhador que mora em Mussurunga e utiliza a bicicleta como meio de transporte, enfrenta muitas dificuldades. Uma vez que não temos pistas para os ciclistas e muito menos, o respeito dos motoristas. Os ônibus são os piores vilões para os ciclistas. Os motoristas jogam os veículos em cima do ciclista e não respeitam o espaço que temos no trânsito isso firmado na Constituição. Além de termos uma cidade caótica de ciclovias, ainda enfrentamos o desrespeito dos motoristas”, relatou Maurício.
Os benefícios à saúde e a economia do tempo perdido com o trânsito, de quem pratica a o ciclismo são notórios, mas a dificuldade de quem adere à bicicleta no trajeto diário em Salvador é grande. O coordenador da Asbeb, Tadeu Santana, contou que existe em tramitação um projeto que prevê construções de ciclovias em diversos locais de Salvador, como no Centro Administrativo, Pelourinho e recuperação da ciclovia que já existe na cidade. “Esse projeto está em fase de licitação e é de responsabilidade da Conder. Esperamos que até o final do ano esteja pronto, para começar as construções de ciclovias”, confirmou.
Crianças e adultos participaram do passeio. Cada bicicleteiro abusava do estilo e bicicletas de diferentes modelos. O mais importante era também chamar atenção para o descaso, além de ajudar com doações de alimentos e se divertir malhando em um domingo ensolarado. O jornalista e advogado Valci Barreto, faz parte do movimento há mais de dez anos e reforçou que Salvador é um dos melhores locais para se pedalar.
“Mesmo sem ciclovia, o segredo é descobrir locais e espaços livres dos carros. Nós ciclistas não fazemos somente pedalar, buscamos ações educativas para o transito, o respeito dos motoristas para com quem anda de bicicleta. Também buscamos, juntos aos governos estadual e municipal, a produção de campanhas educativas voltadas para a incorporação das bicicletas no trânsito. Infelizmente os governantes baianos estão atrasados, pois já existem diversos projetos em, outros estados e no exterior, com objetivo de facilitarem a inclusão das bicicletas no cotidiano das cidades”.
Bicicletas de aluguel na cidade
Quem também participou do passeio de bicicleta foi o editor de jornalismo da Tribuna, Nelson Rocha. Ele aproveitou a manhã do domingo para pedalar junto ao movimento dos ciclistas e sugeriu que os governantes criem mecanismos que possam incorporar o aluguel de bicicletas no cotidiano da capital baiana. Para ele seria uma forma do poder público incentivar a prática do ciclismo e o respeito no trânsito, por parte dos carros nas ruas, para com os ciclistas.
“Deveríamos usar práticas já utilizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, de aluguel de bicicletas, em determinados pontos da cidade, para proporcionar menos congestionamentos na cidade. Isto iria incentivar os motoristas a deixarem seus carros parados e pedalar em percursos pequenos, ou até mesmo na prática do lazer”, afirmou.
No final do evento, livros do jornalista e cronista da Tribuna Jolivaldo Freitas foram sorteados entre os ciclistas, assim como equipamentos.
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