"Aumentar número de passageiros no ônibus é um absurdo", diz ex-ombudsman da CET

Para especialista, a prefeitura de São Paulo, ao passar de 5 para 6 o número de pessoas transportadas por metro quadrado admite uma piora no sistema de transporte

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Fonte: UOL  |  Autor: Marivaldo Carvalho  |  Postado em: 27 de maio de 2013

Repórter entrevista passageiros em ônibus cheio

Repórter entrevista passageiros em ônibus cheio

créditos: UOL

 

O ex-ombudsman da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na gestão Kassab entre maio e setembro de 2011 e consultor em Engenharia Urbana Trânsito em SP, Luiz Célio Bottura, classificou como "absurda" a medida da prefeitura de tolerar mais passageiros embarcados nos ônibus urbanos.

 

A nova norma passará a vigorar em agosto deste ano, quando forem assinados os novos contratos de concessão entre a administração pública e as empresas de ônibus. Conforme a regra atual, podem viajar até cinco passageiros por metro quadrado nos ônibus. Pelo novo contrato, o número será de seis.

 

"Isso é um absurdo. Com isso, a prefeitura admite piora na qualidade. Na prática vai até 10 pessoas ou mais, o ideal seria nenhuma pessoa viajar em pé, mas a nossa realidade sócio-econômica é teórica é poética", diz Bottura, que foi conselheiro da SPTrans, empresa que administra o transporte público na cidade, durante 10 anos nas gestões Maluf, Pitta e Marta. "Seis passageiros, um número apertado desse, há até o abuso sexual. Tem pessoas que aproveitam isso para praticar atos libidinosos", afirma o especialista.

 

Bottura reforça que cinco passageiros é mais folgado do que seis, um aumento de 20%. "Se fizer um teste para saber o que é 5 ou 6 pessoas no metro quadro, o que é 10, você vai ver como é. É muito apertado. Uma sardinha em lata", afirma o ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) no governo Montoro, entre 1984 e 1987.   

 

Para o consultor, a administração municipal deve aumentar o IPK, que é o índice de passageiros transportado por quilômetro.

 

"O IPK significa mais gente subindo e mais gente descendo, principalmente mais gente descendo. É igual a estoque de negócios, quanto mais gira o estoque, mais lucro o proprietário tem", diz o especialista.

 

Segundo Bottura, as passageiros pegam o primeiro ônibus porque não acreditam que o próximo vai chegar logo.

 

"Como não tem hora definida por causa do tráfego, as pessoas não sabem o que acontece. Agora se tivesse uma hora definida, ele acharia que vale a pena esperar um pouco mais", afirma. 

 

Mudanças

Na licitação para contratar as empresas de ônibus, a prefeitura aumentou o número de passageiros que podem ser transportados, mas o tamanho do ônibus é o mesmo. Os ônibus do tipo básico podem carregar até 65 passageiros, mas esse número pulou para 75.

 

A capacidade dos biarticulados aumentou de 160 para 198, mas seu comprimento continua sendo 27 metros.

 

Os ônibus articulados podem transportar 100, mas a partir do novo contrato vão poder transportar entre 111 e 171 passageiros, dependendo do tamanho. Antes, a média era 18,8 metros, agora tem 23 metros.

 

Outro lado

Segundo a SPTrans, empresa que  administra o transporte público na cidade de São Paulo, o atual número de cinco passageiros está defasado.

 

Estudos da SPTrans, elaborados para a nova licitação da operação do sistema de transporte coletivo na cidade, apontam que as condições mínimas, ajustadas à capacidade do viário, tenham um dimensionamento de seis ocupantes por metro quadrado.

 

Hoje, de acordo com a SPTrans, viajam em média oito passageiros por metro quadrado nos horários de pico.

 

Veja o vídeo com a reportagem num ônibus de São Paulo, realizada por Marivaldo Carvalho, da UOL.

 

 

Comentários

Carlos Marques - 28 de Maio de 2013 às 11:50 Positivo 1 Negativo 0

Como convencer as pessoas a deixar carros em casa com ônibus barulhentos, sujos, superlotados e parados no meio do trânsito? Seria muito pedir a retomada dos bondes (VLTs) em corredores expressos, com maior capacidade?

Erealdo Fagundes Couto - 28 de Maio de 2013 às 10:12 Positivo 0 Negativo 0

Porque administrar assim, falta competência e pessoas certas para solucionar o caos. É falta de vontade política e o nível intelectual deficiente para olhar o que é certo. Afinal quando mudaremos, será que ficaremos só nas idéias pequenas e pobres.

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