Enquanto a população de Fortaleza aguarda, há mais de dez anos, o pleno funcionamento da Linha Sul do Metrofor, - ainda sem data oficial para começar a rodar comercialmente, - o governo do Estado realizou, na Comissão Central de Concorrências, na Procuradoria Geral (PGE), a licitação da Linha Leste,- a maior e mais complexa já realizada nos últimos 20 anos. Orçado ao preço máximo de R$ 2,5 bilhões (apenas as obras civis), o novo ramal ferroviário terá 12,4 quilômetros de extensão e irá interligar o Centro da cidade ao Fórum Clóvis Beviláqua, no bairro Edson Queiroz.
Fonte ligada ao setor da construção pesada avalia que, diante da dimensão e do valor da obra, pelo menos cinco consórcios, com cerca de 15 grandes e médias empreiteiras, participarão do processo licitatório. Há empresários, no entanto, reclamando que a licitação deveria ser prorrogada, alegando dificuldades para obtenção de informações mais detalhadas.
As empresas participantes do processo licitatório deverão apresentar os documentos de habilitação e suas propostas de preços. Recebidos os documentos, a Comissão fará a análise da habilitação e consequente verificação da documentação das empresas ou consórcios, abrindo o prazo de recursos para contestações. Concluída essa fase, será marcada a data de abertura das propostas de preços.
Máquinas em testes
Se tudo transcorrer bem no pregão, a previsão da Seinfra é que as obras de perfuração dos dois túneis, sob a Avenida Santos Dumont, sejam iniciadas no segundo semestre deste ano. Para tanto, o governo estadual aguarda, para julho próximo, a chegada de duas, das quatro tuneladoras (tatuzões), bem como de equipamentos auxiliares à perfuração e construção dos túneis.
As máquinas, que estavam previstas para chegar este mês, custaram ao contribuinte cearense R$ 128,2 milhões. Segundo a Seinfra, as duas primeiras tuneladoras já estão prontas para testes, na fábrica, previstos para o período de 27 deste mês a 14 de junho próximo. Em seguida, os equipamentos serão embarcados para o Brasil, devendo chegar ao Porto do Pecém no fim do mês de julho.
Os equipamentos estão sendo fabricados pela empresa norte-americana The Robbins Company, vencedora de licitação em maio de 2012. Ainda segundo a Seinfra, já estão no terminal portuário do Pecém as formas e equipamentos auxiliares para uma das duas fábricas de anéis, que serão utilizados na construção dos túneis da Linha Leste.
Os anéis darão sustentação aos túneis, à medida em que forem sendo escavados. A Seinfra garante que, com o uso dos "tatuzões", o impacto das obras de escavação será "praticamente nulo, uma vez que os túneis terão entre 15 e 30 metros de profundidade".
Eletricidade
Sem um sistema de energia disponível que permita alimentar as máquinas dentro dos túneis, a Seinfra lançou, no início deste mês, um edital para a contratação de usinas termelétricas para gerar a energia necessária ao funcionamento das tuneladoras. Conforme o edital, as usinas serão adquiridas "com recursos orçamentários oriundos do tesouro Estadual, no valor estimado de R$ 93.888.303,45". A sessão pública para a apresentação das propostas está marcada para o dia 6 de junho vindouro.
Mobilidade
A nova linha do metrô de Fortaleza, terá 12 estações: Sé, Luiza Távora, Colégio Militar, Nunes Valente, Leonardo Mota, Papicu, HGF, Cidade 2.000, Bárbara de Alencar, Centro de Eventos e Edson Queiroz. Além dessas, o novo ramal será integrado às Linhas Oeste e Sul, na estação central Chico da Silva e ao ramal Parangaba-Mucuripe, e aos terminais de ônibus.
A Linha Leste integra o Programa "Mobilidade Grandes Cidades", do Governo Federal, que garantiu recursos da ordem de R$ 2 bilhões à obra. O Governo cearense investirá mais R$ 1,43 bilhão, para aquisição do material rodante e sistemas e na operação dos quatro sistemas metroviários de Fortaleza. Esses recursos também serão usados para projetos, administração da obra, desapropriações e remoção de interferências. O equipamento será operado com trens elétricos que transportarão cerca de 400 mil pessoas diariamente.
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