Salvador é a capital brasileira com maior índice de mortes por atropelamento.
Quatro meses depois do acidente, Daniel Botelhoainda tem dificuldade para caminhar. Ele foi atropelado por um motorista que avançou o sinal vermelho, sofreu uma fratura no fêmur e teve que passar por duas cirurgias. “Ele nem parou o veículo. Me deixou lá largado no canto, sangrando e urrando de dor”, conta o estudante.
Ele escapou de uma estatística assustadora. Em Salvador, 47% das mortes no trânsito são por atropelamentos, segundo o último balanço da prefeitura. O índice é bem superior à média nacional, que é de 23%, de acordo com o Ministério da Saúde.
Em uma avenida de um bairro popular, apenas a cem metros de um semáforo, o rapaz se arrisca na frente de quatro carros. Outro corre para escapar de um ônibus e uma van. Um casal com uma criança de colo e um mecânico também atravessam fora da faixa.
“Não tenho medo de atravessar a rua aqui pelo meio. A sinaleira fica muito longe, a gente quer fazer uma coisa aqui e não pode, tem que atravessar no meio dos carros”, afirma Moisés.
A travessia segura está a dez metros de altura. Mas entre caminhar um pouco mais até a passarela a cruzar a avenida pela pista, muita gente prefere a segunda opção. Mesmo sabendo que, nesse caso, quanto menor o esforço, maior o perigo.
“É mais longe atravessar para o outro lado, vou passar por aqui mesmo. Pior que é erro da gente, mas vou atravessar aqui, é o jeito”, conta o motorista Orlando Freitas.
“Acredito que a falta de educação seja generalizada, de ambas as partes. Tanto o motorista é mal educado, não cumpre as normas de trânsito, quanto o pedestre também, que não faz a sua parte em se proteger”, diz o taxista André Cerqueira.
Para a especialista em educação no trânsito, o pedestre, que é o mais vulnerável, precisa adotar uma postura preventiva. “Sempre aguardar, mesmo que o semáforo esteja aberto para ele, verificar se todos os carros pararam”, diz Cristina Aragón.
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