Mulher paga os pecados no metrô de São Paulo

Apesar de representarem 58% dos usuários, elas sofrem para se segurar no trem e sofrem até com assédio sexual

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Fonte: Diário de S. Paulo  |  Autor: Cristina Christiano  |  Postado em: 14 de maio de 2013

Mulheres baixinhas e idosas têm mais dificuldade p

Baixinhas e idosas têm mais dificuldade para entrar

créditos: Edson Lopes Jr./Diário SP

 

A vida das mulheres não é nada cor-de-rosa no metrô de São Paulo, apesar de elas representarem 58% dos usuários, como revela pesquisa divulgada semana passada pela empresa do governo estadual.

 

Elas levam desvantagem com os homens na disputa por espaço — principalmente as idosas e baixinhas —, têm dificuldade para se segurar, sofrem assédio sexual e, muitas vezes, chegam a arriscar a vida, aglomerando-se fora da faixa amarela de segurança para poder entrar no trem sem serem empurradas.

 

Muitas usuárias defendem a necessidade de vagões exclusivos para o sexo feminino nos horários de pico, a exemplo do que ocorre no Rio, mas o Metrô nem cogita essa possibilidade. A empresa diz que faz permanentemente campanhas de conscientização e orienta os usuários sobre regras do uso correto do sistema. Já especialistas em transportes estão divididos.

 

Pico estendido

“Eu acho que o Metrô deveria fazer um teste nesse sentido. Criar um vagão específico é mais complicado, mas ele poderia ser dividido como o preferencial, que já existe em horários de maior movimento, para idosos e deficientes”, diz Horácio Augusto Figueira, consultor de engenharia de transportes e palestrante.

 

Ele também defende a ampliação do horário de pico e a manutenção da mesma quantidade de trens o dia todo. “Se as pessoas perceberem que indo mais tarde poderão viajar sentadas, é óbvio que trocarão o horário de deslocamento e o fluxo diminuirá. Mas, com a redução de trens fora do pico, ela fica em pé a qualquer hora e vai cedo. Eu, por exemplo, esperei, nesta segunda-feira, passar cinco trens para conseguir me sentar, da Saúde ao Tucuruvi.”

 

Na opinião de Luiz Carlos Mantovani Néspuli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos, a criação de vagões exclusivos é discriminatória. “Adotar sistemas protegidos é como admitir que a sociedade não é capaz de se autorregular. É diferente dos casos de portadores de necessidades especiais. Se isso virar moda, logo vão querer ter vagões diferenciados para tudo”, afirma.

 

Vagões exclusivos para o público feminino no Rio

Desde abril de 2006, uma lei estadual garante às usuárias de trens e metrô do Rio de Janeiro um vagão exclusivo, em cada composição, para viagens em horários de pico — das 6h às 9h e  das 17h às 20h.  O deputado  Jorge Picciani, autor do projeto de lei, justificou a necessidade da medida como uma forma de coibir a ação de “homens inescrupulosos”, que aproveitam a superlotação nos horários mais movimentados para molestar mulheres. Segundo a assessoria do Metrô Rio, cerca de 49% dos 649 mil usuários  diários são do sexo feminino.  Ao todo, existem 42 vagões exclusivos, identificados por uma faixa rosa externa e interna nas duas linhas do sistema.

 

Os homens, muitas vezes, tentam invadir os trens femininos, até porque não há lei que dê autonomia para agentes de segurança os retirarem. Porém, conscientes de seus direitos, as mulheres reclamam muito até fazê-los saírem constrangidos.

 

A SuperVia, responsável pela malha ferroviária do Rio,  diz que  a cada 15 minutos há avisos sonoros para reforçar a importância de respeito ao vagão feminino.

 

Homens invadiam carros em teste da CPTM

Entre 1995 e 1997, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) manteve dois vagões só para mulheres na linha Rio Grande da Serra-Jundiaí, em atendimento à reivindicação do Clube de Mães de Vila Falchi, em Mauá, no ABC, por causa de assédio. Mas a experiência não deu certo porque os homens não respeitavam e ninguém podia proibi-los em razão do princípio constitucional da igualdade entre os dois sexos e do direito de ir e vir.

 

Porteiro flagrado ao filmar calcinhas com celular

Em outubro do ano passado, um porteiro de 36 anos foi detido na Estação Vergueiro do Metrô ao ser flagrado filmando, com um telefone celular, a calcinha de uma advogada que subia a escada rolante. 



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Comentários

Victor - 19 de Maio de 2013 às 03:58 Positivo 3 Negativo 2

Nada a ver Breno, o respeito deve ser em primeiro lugar. As mulheres estão mais sujeitas ao desrespeito, para comparar pegue quantas nao sao abusadas todos os dias? Apoio sim aos vagoes exclusivos para elas!

Breno - 14 de Maio de 2013 às 11:36 Positivo 3 Negativo 2

As mulheres são as que ocupam mais espaço, sempre carregando enormes bolsas sem necessidade e nas piores posições possíveis, fora montes de sacolas. Mas, claro, falar mal de mulher sempre é mal visto e nunca ouvido... elas deveriam se policiar também

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