26 obras criam cenário de transtorno em Fortaleza

"Lógico que sei que será para o bem da cidade, mas enquanto os serviço durarem, o que será de nós?" questiona um taxista da capital cearense

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Fonte: Diário do Nordeste  |  Autor: Lêda Gonçalves  |  Postado em: 10 de maio de 2013

Intervenções em andamento em Fortaleza

Intervenções tumultuam a vida em Fortaleza

créditos: Divulgação

 

As cidades crescem em território limitado. A cada prédio construído, um bairro ganha mais moradores, carros e demanda por serviços e equipamentos públicos. Tudo tem impacto direto na mobilidade urbana.

 

No caso de Fortaleza, somadas às 26 obras em curso espalhadas cidade afora e uma frota de 854,3 mil veículos, a situação beira o caos. "A tendência é piorar com outros canteiros que serão abertos como os túneis da Via Expressa em pontos como Santos Dumont, Alberto Sá e Padre Antônio Tomás", diz o engenheiro de transporte, José Aurélio de Souza.

 

As intervenções citadas por ele começam a partir deste sábado, na Santos Dumont, no trecho entre as avenidas Engenheiro Santana Jr. e a Jangadeiros. Com elas e mais a nova obra na Leste-Oeste, da Cagece, serão 29 trechos que trarão efeito direto no trânsito das áreas.

 

De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), os desvios na Santos Dumont com Via Expressa serão feitos pela Rua Vilebaldo Aguiar (sentido oeste-leste) e pela Rua Joaquim Lima (sentido leste-oeste).

 

De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa de Fortaleza (SecopaFor), somente nesse cruzamento, há um fluxo de 35 mil veículos por dia e, além dos desvios, será feito um redirecionamento de linhas de ônibus e do tráfego de veículos pesados que passam pelo trecho. "Lógico que sei que será para o bem da cidade, mas enquanto os serviço durarem, o que será de nós?" questiona o taxista Pedro Paulo da Silva Júnior.

 

O presidente da AMC, Vítor Ciasca, responde que tudo tem sido feito pela engenharia de trânsito do órgão para que as intervenções causem o menor prejuízo possível ao tráfego de veículos dos trechos em obras. "A cidade não pode mais esperar e cabe a todo cidadão entender que os trabalhos são necessários, por tempo determinado e exigem esforço da população".

 

Ciasca esclarece que o órgão disponibiliza agentes de trânsito em cada trecho para orientar os condutores. "A equipe técnica avalia quais as melhores opções de desvios para facilitar a mobilidade na cidade".

 

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que cada morador de 12 metrópoles brasileiras, incluindo Fortaleza, gasta, em média, uma hora e quatro minutos para fazer seus deslocamentos diários. "Com as obras, esse tempo aumentou bastante, pelo menos para mim que tenho que sair do Joaquim Távora sentido Lagoa Redonda", constata o mestre de obras, Jaime Borges Ferreira.

 

Trecho

Na relação das obras, divulgada pela AMC, que tem que planejar o trânsito de cada trecho, as intervenções são todas emergenciais e pertencem à Cagece, Metrofor, como as do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), Secretaria de Infraestrutura (Seinf) como a requalificação da Praia do Futuro e da Beira Mar, da Copa do Mundo e do Programa de Transporte Urbano (Transfor), Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb) e do Departamento Estadual de Rodovias (DER), com os túneis da Av. Washington Soares. "Para onde você se vira, se depara com operários e trânsito complicado", fala a dona de casa, Maria Telma de Araújo Oliveira.

 

Para a arquiteta e urbanista Mariana Nascimento, é um desafio diário que a cidade tem que enfrentar. "O pedestre quer que os carros parem para ele atravessar. Já o passageiro do transporte coletivo deseja que os veículos não atrapalhem a circulação dos ônibus. Por seu lado, o motorista de carro particular quer que os pedestres não atravessem na sua frente e que os ônibus não atrapalhem o trânsito. Por sua vez, ainda, o morador não quer trânsito de passagem em frente à sua casa. E o comércio reivindica uma linha de ônibus na rua, com o ponto de parada em frente à loja do vizinho", frisa.

 

FIQUE POR DENTRO

As primeiras modificações

Na virada do século XIX, Fortaleza já detinha a 7ª maior população urbana do País, passando a tomar medidas de higienização social e de saneamento ambiental, além de executar um plano de aformoseamento urbano abrangendo a implantação de jardins, cafés, coretos, monumentos e a construção de edifícios com padrões europeus.

 

Os primeiros automóveis circularam na cidade em 1910, seguidos da implementação de bondes elétricos e, posteriormente, registra-se o aparecimento de ônibus e caminhões. A Praça do Ferreira era ponto de estacionamento de bondes e carros de aluguel.

 

Entre as décadas de 20 e 30, bairros como Jacarecanga, Praia de Iracema e Aldeota passaram a ser habitados pelas elites da cidade de Fortaleza que começam a valorizar a proximidade com o mar.

 

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