Para o diretor do Departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Kazuo Nakano, “aproximar a moradia do trabalho é um desafio urgente da cidade”, que precisa estar contemplado no futuro Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo.
A afirmação do integrante da administração municipal foi feita no quarto debate público sobre a revisão do plano em vigor, ocorrido na última terça-feira (7) no Centro Cultural São Paulo.
Nakano destacou que 2,5 milhões de pessoas têm que se deslocar todos os dias para a região do centro expandido, onde se concentra a maioria dos empregos existentes na capital paulista. “Não há transporte coletivo que dê conta”, registrou.
Ele lembrou que o atual PDE deveria ter sido complementado pelos planos de Habitação e de Circulação e Transportes. “Estes planos não foram instituídos, consolidados e aplicados, o que fez com que o nosso Plano Diretor ficasse capenga”, constatou.
Os dados apresentados pelo diretor de Urbanismo revelam que muitas das metas previstas no PDE de 2002 não foram cumpridas. “Dos 325 km de corredores de ônibus propostos, apenas 85 foram executados”, pontuou.
Segundo Nakano, dos 28 terminais de ônibus previstos, somente 15 foram construídos. “Nos dois primeiros anos de vigência do Plano Diretor, 2003 e 2004, houve realmente a priorização do transporte coletivo, mas não foi dado continuidade”, declarou ele, alfinetando as administrações Serra e Kassab, que assumiram a Prefeitura de São Paulo após a gestão da ex-prefeita Marta Suplicy.
Após a exposição do representante da atual gestão municipal, cidadãos e representantes de organizações da sociedade civil fizeram avaliações do plano atual e apresentaram sugestões para o que está em elaboração.
Na opinião do promotor de Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado de São Paulo, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, a mobilidade urbana deve ser um ponto central do futuro PDE. Antes de apresentar suas duas sugestões, ele já avisou que ambas seriam vistas como “antipáticas”.
Lopes propôs que o rodízio de carros seja ampliado para 24 horas e a instalação do pedágio urbano na cidade. “É indispensável pensar numa forma punitiva para o uso do automóvel”, justificou.
Para Gabriel de Pierro, coordenador do Grupo de Trabalho Juventude da Rede Nossa São Paulo, o atual Plano Diretor fracassou em tornar o trânsito mais seguro e menos violento. Ele defendeu que a cidade tenha um Plano de Mobilidade elaborado com a participação da sociedade.
Vários ativistas e defensores da bicicleta como meio de transporte urbano apresentaram sugestões para ampliar as ciclovias e tornar as vias compartilhadas mais seguras para os ciclistas.
Paradigma do automóvel tem que mudar
Ao final do debate, o secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, sinalizou que na visão da Prefeitura os sistemas de transportes têm que ser indutores da urbanização e não ao contrário, como ocorre hoje. “Temos que aproximar as pessoas das áreas melhor servidas de transportes e serviços”, ponderou.
Em sua avaliação, “o grande paradigma que tem de mudar é o automóvel, o transporte individual motorizado”. Para Franco, isso é inevitável. “Não há nenhuma solução que funcione tendo o automóvel como paradigma”, argumentou, para em seguida complementar: “O novo Plano Diretor Estratégico tem que tensionar nesse sentido”.
Veja o calendário dos próximos debates públicos de revisão do Plano Diretor
11/5 - Sábado
13h às 18h
Uninove – Campus Memorial. Av. Francisco Matarazzo, 364, Barra Funda.
Assunto: Investimentos Prioritários, Planos Regionais e Planos de Bairro.
14/5 - Terça-feira
18h às 22h
Local a definir
Assunto: Atividade com segmento de ONGs.
16/5 - Quinta-feira
18h às 22h
Local a definir
Assunto: Atividade com segmento de universidades, sindicatos, conselhos de categorias e associações profissionais.
18/5 - Sábado
13h às 18h
Local a definir
Assunto: Atividade com segmento de movimentos populares
31/5 e 1/6 - Sexta-feira e sábado
Das 8h às 18h
Anhembi – Auditório
Assunto: Conferência Municipal da Cidade de São Paulo.
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