Rio de Janeiro, capital da bicicleta?

Ações da prefeitura fazem RJ subir em ranking das cidades do mundo mais amigas das bikes. Mas, para a cidade ser de fato amiga do ciclista, há muito por fazer

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Fonte: ITDP  |  Autor: Clarisse Cunha Linke*  |  Postado em: 03 de maio de 2013

Cidade amiga da bicicleta

Cidade amiga da bicicleta

créditos: Divulgação ITDP

 

Os esforços da cidade do Rio de Janeiro para se tornar mais amiga da bicicleta têm sido amplamente reconhecidos na comunidade internacional. A cidade, que recebeu uma menção honrosa no Prêmio Transporte Sustentável 2013, agora aparece em 12º lugar no ranking Copenhagenize Index 2013, que analisa as 150 cidades do mundo mais amigas da bicicleta aparecendo na frente de Paris e Barcelona.

 

O Rio, que já havia aparecido em 18º lugar no ranking de 2011, foi uma das poucas a subir de posição. A razão disso são as iniciativas lideradas pela Prefeitura: o programa “Rio, capital da bicicleta”, a implantação do Bike Rio e o aumento da malha cicloviária dos 300 km atuais com a meta de 450 km até 2016. Vale também o esforço que a sociedade tem feito para mudar a cultura na cidade. A bicicleta está, sem sombra de dúvida, cada vez mais inserida no cotidiano do carioca. 

 

No entanto, apesar de todo reconhecimento, para que a cidade seja de fato amiga do ciclista há muito trabalho por fazer.

 

Nesta semana, tivemos mais um caso trágico de acidente. Entre janeiro e março de 2013, chegou a 53 o número de mortes por acidentes de trânsito no Rio.

 

Como mudar este cenário?

Quem deve ser responsabilizado?

Até quando veremos acidentes e casualidades de trânsito impunes?

 

Precisamos, com urgência, rever o pacto social das ruas do Rio.

 

A Prefeitura deve liderar o processo no âmbito municipal, mas todos somos responsáveis, temos direitos e deveres, e não devemos nos eximir.

 

A expansão de infraestrutura deve ser priorizada. Precisamos, acima de tudo, acalmar o tráfego, ou seja, reduzir a velocidade dos carros, dos ônibus, das vans. A experiência de Zonas de 30 km/h, iniciada em Copacabana, precisa ser amplamente difundida na cidade, e fiscalizada com rigor. Assim, a Prefeitura estará criando áreas seguras para o uso da bicicleta através de restrições ao uso do carro particular.

 

Como podemos justificar a velocidade na praia ser de 70 km/h?

 

Em paralelo, será importante uma campanha de educação no trânsito, que foque no compartilhamento do espaço público, nos direitos e deveres de todos os cidadãos para usarem e desfrutarem da cidade. Tal campanha precisa ser pensada de forma mais incisiva, envolvendo o sistema educacional, as empresas de ônibus, os órgãos públicos, o setor privado.

 

O Código de Trânsito Brasileiro, de 1998, define direitos e deveres quanto ao uso da bicicleta. Precisamos, todos – ciclistas, pedestres, motoristas – estarmos mais conscientes sobre o papel de cada cidadão ao compartilhar as ruas. Devemos sempre buscar proteger os mais vulneráveis, e contribuir para que o Rio seja uma cidade onde andar de bicicleta seja, de fato, uma opção segura, confortável e conveniente para todos seus cidadãos e visitantes.

 

 Clarisse Cunha Linke

* Clarisse Cunha Linke é vice-diretora do ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento)




Comentários

Paulo - 07 de Junho de 2013 às 16:13 Positivo 0 Negativo 0

Um exemplo a observar é a ciclovia implantada na Praia da Bica na Ilha do Governador. Quem puder deixe suas impressoes? Pode-se considerar aquela faixa vermelha e descontinua como uma ciclovia?

Anna - 30 de Maio de 2013 às 14:43 Positivo 0 Negativo 0

Quase fui atropelada andando de bicicleta na rua, seguindo todas as orientações do CTB. O carro que (propositadamente) causaria o acidente disse que "lugar de bicicleta é na calçada, sua idiota!". Falta percorrer um longo caminho de educação.

Lauro - 03 de Maio de 2013 às 16:29 Positivo 3 Negativo 0

Estamos MUITO longe de ser a CIDADE da bicicleta. Só existe ciclovia nas praias (no restante não existe!). Não é possível ir do Maracanã à Urca de maneira segura. Uma rede interligada de ciclovias é necessária para tornar a bike meio de transporte.

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