A construção de uma nova ciclovia está gerando polêmica em Porto Alegre. Uma faixa exclusiva para ciclistas está sendo preparada na Rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa. Mas parte dos moradores e comerciantes da região não aprovou a medida.
A ciclovia será construída no lado esquerdo da via e terá 880 metros de comprimento, entre as avenidas Loureiro da Silva e Venâncio Aires. A primeira etapa do trabalho da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) inclui a reparação do asfalto. Segundo a prefeitura, a previsão é de que fique pronta até o fim de maio.
Antes de iniciar as obras, a área foi isolada para a colocação de cavaletes. Segundo os comerciantes da região, a medida está provocando prejuízos. Sem lugar ara estacionar, os carros acabam não parando no local, argumentam. “O cliente passa uma vez, passa duas e não consegue estacionar. Depois vai embora”, reclama o comerciante Jorge Klein.
Outra crítica de comerciantes e moradores é a falta de diálogo com a prefeitura antes da construção da obra. Muitos dizem que não foram comunicados sobra a obra e nem puderam opinar. “Não houve a convocação dos comerciantes e eles não sabiam os detalhes da parte logística com relação à instalação da ciclovia. Houve vários erros de comunicação”, diz o advogado Francisco Antonio Paim.
A prefeitura contesta a reclamação e diz ter feito reuniões com moradores e comerciantes. O município esclarece que apenas duas quadras terão estacionamento proibido. Os carros poderão parar ao lado da faixa.
“Nós temos que criar ambientes de uso democrático de espaço público, para que possam ter a possibilidade de circular com segurança, que tenham realmente a possibilidade de chegar a seu destino, seja qual for a modalidade que está sendo utilizada”, explica o presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Capellari.
A José do Patrocínio ficou marcada pelo atropelamento coletivo de ciclistas, em fevereiro de 2011. Vários ficaram feridos. O motorista, um funcionário público, fugiu do local sem prestar socorro, mas se apresentou a polícia dias depois. Ele responde a processo em liberdade por 11 tentativas de homicídio, sem data para julgamento.
Hoje, Porto Alegre possui 13 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. A ideia é ampliar ainda mais e chegar aos 50 quilômetros até a Copa do Mundo do ano que vem. As próximas ciclovias na capital devem ser instaladas nas Avenidas Chuí e Vasco da Gama.
“A partir de uma cidade que quer ter mais rotas ciclísticas, promover mais a saúde, tem que implantar essas obras e daqui a pouco a gente vai ver se elas foram boas ou ruins”, disse Paulo Alves, presidente da Associação de Ciclistas da Zona Sul capital gaúcha.
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