Mais rápido, confortável e preparado para trafegar com grande número de passageiros. Essas são algumas características do metrô, considerado um dos transportes urbanos mais eficientes, que circula em inúmeras capitais, como São Paulo, Nova York, Paris ou Londres, onde foi implantada a primeira linha de metrô do mundo, em 1863. Mesmo sendo um meio tão eficiente, Goiânia – cidade entre as que mais se desenvolvem na Região Centro-Oeste e que já conta com mais de 1 milhão de habitantes – ainda não se rendeu às vantagens desse transporte.
Essa antiga discussão sobre o metrô entrou em pauta entre os goianienses desde o mês passado, quando o governo anunciou a implantação do veículo leve sobre trilhos (VLT) na Capital, cujas obras estão previstas para começar em julho. Conforme registros do município, a proposta desse meio de transporte, o metrô – que aqui seria implantado na superfície –, se arrasta desde 1986, durante a administração do ex-governador Henrique Santillo, mas nunca saiu do papel.
Conforme o presidente do Grupo Executivo do VLT, Carlos Maranhão, existem dois problemas determinantes que impedem a vinda do metrô à Capital goiana: os valores que geraria ao governo e à população, além do número diário insuficiente de passageiros que circulam na cidade.
Metrô ou VLT?
De acordo com Maranhão, o primeiro entrave – e talvez o mais relevante - seriam os valores de implantação e manutenção. Ele explicou que, enquanto o VLT custa R$ 1,3 bilhão para o Estado, o metrô sairia – no mínimo -, por R$ 7 bilhões. Conforme Maranhão, em comparação com os BLTs (Bus Rapid Transit, em inglês) ônibus que fazem a linha do eixo Anhanguera, em Goiânia – o metrô representa um gasto dez vezes superior. O VLT é cinco vezes mais caro.
“Quando o projeto surgiu, é lógico que fizemos estudos sobre as necessidades da cidade e o quanto os cobres tinham a oferecer. Também foi levantada a hipótese de trazer o metrô para Goiânia, tanto o de superfície quando o subterrâneo. Mas a verdade é que o município ainda não tem suporte para receber esse veículo”, pontuou Maranhão. Segundo ele, além dos altos investimentos em maquinário, a tecnologia exige uma série de preparos estruturais na cidade.
O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável, Nelcivone Soares de Melo, concorda que os custos seriam muito pesados tanto para o município quanto para o Estado. Segundo ele, São Paulo, que é a maior cidade do País, consegue construir apenas um quilômetro por ano de linha para o metrô. “A implantação de cada quilômetro custa, em média, US$ 400 milhões.”
Demanda insuficiente para metrô
Maranhão explica que outro problema desse meio de transporte é a necessidade de um número mínimo de passageiros para ser economicamente viável. Segundo ele, o metrô precisa circular com, pelo menos, 30 mil usuários por hora. “No caso de Goiânia, em horário de pico, a Avenida Anhanguera registra, aproximadamente, 12 mil pessoas por hora.”
De acordo com o presidente, esse detalhe determinou a escolha do VLT para o município. “Ele é mais rápido que os ônibus comuns e é ideal para o transporte de um volume médio de passageiros, ou seja, muito abaixo de 30 mil.”
De acordo com Nelcivone, uma vez que o número de passageiros não pagaria o valores de implantação do metrô, os custos também seriam insustentáveis para as pessoas que precisassem usar o recurso. Conforme explicou, o tráfego desse veículo de transporte coletivo é justificável quando a cidade apresenta, no mínimo, 10 mil habitantes por quilômetros quadrados. “Goiânia, conta atualmente conta apenas com 1.700 habitantes nessa mesma medida.”
Vários modais, a solução
Mas o bom funcionamento do transporte público não é garantido apenas por um veículo apenas, ressaltou Maranhão. Segundo ele, como em outras grandes cidades, o que proporciona o fluxo melhor de passageiras é a interligação das categorias de transporte coletivo. “Quando existem vários modais, como no caso de Paris, eles colaboram um com o outro. O metrô, por exemplo, está sempre no centro da cidade. Já nos bairros, são precisos ônibus e trens.”
No entanto, se tratando da realidade de Goiânia, Maranhão reforçou que o VLT é a opção mais acertada. “No futuro, acredito que mais ou menos daqui uns 30 anos, pode ser que a Capital goiana tenha estrutura e capacidade financeira para trazer o metrô. Por enquanto, esse projeto será adiado mais uma vez”, afirmou.
De acordo com a empresária e presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), Helenir Queiroz, o setor produtivo também já concordou que a chegada do VLT é o que mais se adequa aos moldes da cidade. “Precisamos de soluções a curto e médio prazos para resolver a situação do trânsito e as condições do transporte público na Capital, o que não é o caso do metrô. No momento o que importa são os impactos que a mudança trará para o município.”
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