Serviço de compartilhamento de carro começa a ter espaço no Brasil

Única empresa no país vai expandir de SP para RJ, MG e PR. Na Europa, serviço tem parceria com prefeituras e fabricantes de elétricos

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Fonte: G1  |  Autor: Priscila Dal Poggetto  |  Postado em: 17 de abril de 2013

Única empresa no país vai expandir de SP para RJ,

Única empresa no país vai expandir de SP para RJ, MG e PR

créditos: Reprodução/Portal G1

 

Nem carona, nem aluguel diário. São Paulo começa a dar espaço a um serviço que permite usar um veículo como se fosse seu por algumas horas. Atualmente, 2.300 pessoas na cidade são clientes de uma empresa que compartilha automóveis.

 

Elas se cadastraram por telefone ou site e reservam um modelo na garagem credenciada mais próxima, indicando o horário e o tempo que vão permanecer com o veículo. Os próprios clientes desbloqueiam o carro. O combustível está incluso no pacote e é fornecido pela administradora do sistema (veja no vídeo acima como é o uso do carro compartilhado).

 

Embora a prática ainda não seja comum entre os brasileiros, a única empresa que presta este serviço no país, a Zazcar, aposta que, ainda neste ano, seus 2.300 clientes passarão a ser 13.800, com potencial para chegar a 210.000 nos próximos cinco anos.

 

A média de idade dos clientes é de 35 anos. Segundo o fundador, Felipe Campos Barroso, dos cerca de 2 mil clientes, 25% venderam o carro após aderirem ao sistema e 55% deles chegam às garagens credenciadas por meio de transporte público, como ônibus e metrô.

 

“Nossos clientes são pessoas que usam o carro menos de 15 mil quilômetros por ano. Eles utilizam o transporte público e até já tiveram um automóvel, mas venderam por não compensar o custo fixo”, explica.

 

Os preços praticados variam de R$ 6 mais o quilômetro rodado até o valor fixo de R$ 100, dependendo do perfil de uso do consumidor. Em caso de uso “frequente”, por exemplo, duas ou três vezes ao mês, a empresa tem formas diferentes de cobrança: a partir de R$ 7,90 a hora mais os quilômetros rodados — R$ 0,65 cada, até 100 km e R$ 0,55, de 101 km em diante. Ou é cobrada diária, a partir de R$ 64,90 mais os quilômetros rodados, ou ainda uma mensalidade de R$ 50.

 

Como comparação, a bandeira de um táxi comum em São Paulo começa em R$ 4,10 e são cobrados mais R$ 2,50 por quilômetro rodado. A Zazcar afirma que rodar uma hora de táxi em São Paulo fica em torno de R$ 73,20, enquanto quem utiliza um carro compartilhado desembolsaria R$ 27,90.

 

Os pontos de retirada ficam em estacionamentos parceiros em pontos estratégicos da cidade como centros financeiros, áreas comerciais e shoppings. Ainda não há um no aeroporto de Congonhas, mas está entre as metas, diz a empresa.

 

Expansão

Para atingir a meta de novos clientes e melhora o serviço, a empresa fundada por Felipe Campos Barroso em 2009 pretende ampliar a atuação de São Paulo para o Rio de Janeiro no segundo semestre deste ano e, em seguida, para Curitiba e Belo Horizonte.

 

A companhia possui 60 carros e 45 pontos de retirada, mas quer passar de 120 pontos neste ano. Com isso, aumentará também a diversidade de modelos, com a oferta de utilitários esportivos, picapes e automóveis de entrada recém-lançados.

 

“Ainda somos um nicho de mercado. É a única empresa de compartilhamento de carro da América Latina”, diz Barroso. Segundo o empresário, mesmo sem a cultura local desenvolvida, a taxa de desistência dos clientes é de 1%.

 

A expectativa da empresa é ampliar seu alcance para 11 cidades e, assim, atrair os 210 mil clientes com uma frota de 2.800 carros.

 

Como é em outros países

Motoristas de Paris, Berlim, Seatle, Vancouver, entre tantas outras cidades no mundo, já estão acostumados com os carros compartilhados.

 

A capital francesa, por exemplo, o serviço existe desde dezembro de 2011 e já possui 54.500 inscritos, que utilizam carros elétricos em trajetos de 40 minutos, em média (compare abaixo as regras em Paris e em São Paulo).

 

No Brasil, o interesse por este tipo de serviço, bem diferente do aluguel de automóveis, ainda é tímido. O maior obstáculo, de acordo com o fundador da Zazcar, é a cultura de ter o carro como objeto de status social.

 

“É preciso desmistificar o símbolo de status que o carro próprio tem. Para isso, a pessoa tem que transferir o carro de um conceito de posse para o conceito de acesso”, avalia sobre o negócio.

 

O foco do modelo adotado pela Zazcar é urbano e funciona como uma opção adicional de mobilidade nos grandes centros. A pessoa pode ficar com o carro, no máximo, por sete dias. Esta forma de compartilhamento foi inspirada no da Zipcar, criada nos Estados Unidos há 12 anos e que, atualmente, com 760 mil clientes.

 

Compartilhamento de carros em Paris utiliza
veículos elétricos e tem parceria com a prefeitura
da cidade (Foto: Priscila Dal Poggetto/G1)

 

Incentivo público

A Zazcar surgiu da parceria entre grupo paranaense Ícaro Locadora e a engenharia AGF, mas já negocia injeção de capital junto a investidores nacionais e internacionais. O processo deve ser concluído no segundo trimestre. Barroso diz que ainda não existe interesse de prefeituras para fechar parcerias como acontece em outras cidades do mundo.

 

Consultada pelo G1 sobre o assunto, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que é responsável pelo trânsito em São Paulo, afirmou que incentiva e investe em campanhas como a Carona Solidária, em que o proprietário do veículo aproveita a “viagem” para levar outras pessoas que passam pelo mesmo caminho.

 

Já a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo, diz que o compromisso está em melhorar o sistema público. Em razão disto, iniciou estudos para aumentar o número de corredores e a fluidez da frota de ônibus, que hoje é de 15.000 unidades.

 

Representantes da Prefeitura do Rio chegaram a visitar Paris para conhecer o modelo francês, mas, por enquanto, não há nada concreto para a cidade.

 

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