A Copa do Mundo de 2014 se aproxima, mas a conclusão dos projetos de Cuiabá parece mais distante. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), divulgado no último dia 18 de março apontou que apenas duas das 24 obras de infraestrutura na capital mato-grossense estão prontas; somente uma cumpre o cronograma à risca e outras 21 contabilizam atrasos.
Entre as obras de mobilidade urbana, o que está pronto é apenas uma das etapas do Corredor Mario Andreazza, referente à ponte duplicada. Já entre as consideradas atrasadas, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Cuiabá-Várzea Grande. Também outras obras, que não de mobilidade urbana, apresentam atraso, como a própria construção da Arena Pantanal, que receberá partidas da Copa em 2014.
O titular da secretaria da Copa em Mato Grosso (Secopa-MT), Mauricio Guimarães, admitiu os atrasos e cobrou mais agilidade na execução dos trabalhos.
“Evidente que tem de acelerar o ritmo. Evidente, também, que as fases da obra que se iniciam agora requerem ritmos e turnos diferenciados, com mais gente no canteiro de obras”, afirmou Guimarães, em entrevista coletiva na última terça-feira (19), na qual ainda garantiu que as sugestões do TCE-MT serão “avaliadas e ponderadas”.
VLT preocupa
Principal obra de mobilidade da cidade, o VLT é um dos que mais preocupam. A obra, orçada em R$ 1,477 bilhão, estava 5,82% executada em janeiro, quando o previsto era que estivesse 38% concluída, de acordo com estimativa do TCE-MT. A Secretaria da Copa em Mato Grosso (Secopa-MT), por outro lado, informou que o percentual de execução era de 22% na última medição, em fevereiro, e que, portanto, o VLT se encontra dentro do prazo.
O mês de entrega da obra permanece o mesmo: março de 2014. Nos dois últimos anos, o cronograma ficou comprometido com a polêmica mudança de modal no Ministério das Cidades (alteração de BRT para VLT em 2011, com valor quase quatro vezes maior) e com os atrasos na elaboração do edital de licitação. Hoje, o sistema sobre trilhos tem quatro frentes de trabalho e emprega mais de 700 operários na obra, divididos em três turnos, tudo para recuperar o tempo perdido.
De setembro de 2012, quando a obra começou, até agora, foram realizadas as obras-de-arte: quatro trincheiras e um dos viadutos, dispostos ao longo dos 22 km de extensão do VLT, já foram iniciados. Mas a implantação da via permanente e a chegada dos primeiros trens só acontecem a partir do mês de junho.
Mobilidade do entorno
A Matriz de Responsabilidades da Copa ainda traz, na categoria “mobilidade do entorno”, obras de adequação viária e acessibilidade na Arena Pantanal, orçadas em R$ 145 milhões.
Sobre essas intervenções, o governo de Mato Grosso garante que elas já estão em andamento e não preocupam. A exceção é a trincheira da Mário Andreazza, cuja obra se encontra “momentaneamente paralisada”, de acordo com a Secopa.
A intervenção estava a cargo da Ster Engenharia, empreiteira que não conseguiu dar conta do volume de obras e teve o contrato rompido. O governo vai realizar uma nova licitação, mas garante que a trincheira, fundamental para o motorista que vem de Várzea Grande ou do aeroporto Marechal Rondon e precisa acessar a Arena Pantanal, não corre riscos.
Não começou
De acordo com o TCE-MT, 9 obras para a Copa ainda não começaram. O órgão leva em conta intervenções menores, como obras de desbloqueio do trânsito e serviços ligados ao DNIT, não listadas na Matriz. Segundo a Secopa, alguns prazos foram reprogramados e algumas das obras, até canceladas a essa altura.
* Texto originalmente publicado no Portal 2014