Ainda pouco presentes no interior paulista, as ciclovias - faixas permanentes apenas para bicicletas - começam aos poucos a ser implantadas nas cidades. Uma das mais extensas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), a ciclovia da Via Norte tem cinco quilômetros.
Quem usa o trecho não o faz por hobby. Na maioria das vezes, são trabalhadores que usam a bicicleta --surrada--como meio de transporte.
Usuários do trecho ouvidos pela Folha elogiam a criação da ciclovia, mas também apontam certo abandono.
A principal crítica é que a ciclovia da Via Norte tornou-se uma pista diurna --a maioria evita usá-la à noite, por causa do mato alto e da ausência de iluminação.
O porteiro José Cirilo Miranda, 65, passa quatro vezes ao dia na pista e evita trafegar por ela depois das 18h. "Eu não passo à noite. É muito perigoso e sempre pode ter um malandro escondido no mato alto", diz.
O funileiro Juscelino de Andrade, 40, pedala todos os dias no trecho. "Eu já quis trazer minhas filhas aqui para andar de bicicleta à noite, mas é perigoso."
Regina Machado, 42, apesar de pedestre, prefere hoje passar pela ciclovia a percorrer a calçada da avenida --a via é movimentada e carros passam em alta velocidade.
Ao voltar à noite, porém, anda sete quarteirões a mais pelo bairro. "É que nas ruas têm iluminação. Aqui, não."
Em nota, a prefeitura diz que a ciclovia ainda não foi finalizada, e que "por isso não há iluminação em toda sua extensão", mas que a roçada do mato será feita --sem informar quando.
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