Para ajudar os usuários do transporte público de Porto Alegre a identificar qual linha passa em cada ponto, os publicitários Gabriel Gomes, 23, e Luciano Braga, 27, tiveram uma ideia simples: colar um adesivo nas paradas com um espaço em branco para que os passageiros escrevessem de forma colaborativa quais linhas trafegam pelo local.
“O inicio da ideia era fazer um adesivo grande, com um mapa, as linhas e os pontos mais próximos. Mas começamos a enfrentar uma série de problemas com orçamento e simplificamos a ideia até chegar ao modelo colaborativo”, explica Gabriel.
Em fevereiro de 2012, eles imprimiram 50 adesivos tirando dinheiro do próprio bolso e colaram nos pontos do bairro Auxiliadora, região central da cidade. Para financiar a expansão do projeto para outros bairros, precisariam de pelo menos R$ 6.000. Então, no mesmo mês, recorreram ao site de crowdfunding Catarse para conseguir a verba através de financiamento coletivo.
Em apenas um dia, o “Que ônibus passa aqui?”, iniciativa do coletivo Shoot the Shit (Trocando Ideia), arrecadou R$ 500, um recorde em campanhas no site. Três dias após o início das doações, a Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC) entrou em contato com o Shoot the Shit e se comprometeu a colar os adesivos nos pontos da cidade.
Divulgação
Cinco meses depois, a EPCT colou os adesivos em 35 pontos de Porto Alegre, mantendo o layout criado pelo Shoot the Shit, em caráter de piloto. Os novos adesivos, entretanto, já foram impressos com as informações sobre as linhas de ônibus que passam em cada ponto. Cerca de 70% dessa sinalização foi vandalizada, e a Empresa de Transportes decidiu adiar a implantação do “Que ônibus passa aqui?” no restante da cidade.
Uma nova tentativa foi feita há cerca de um mês e mais 15 pontos ganharam novos adesivos, que acabaram vandalizados novamente. Dessa vez, apenas três permaneceram intactos. O projeto foi novamente paralisado pela EPCT, que ainda não definiu se dará continuidade à colagem dos adesivos.
“Se não pudermos contar com o apoio da prefeitura, esperamos que o projeto continue por iniciativa popular. No fim das contas, é muito mais fácil cada pessoa cuidar de três adesivos, do que a EPTC cuidar de 6.000″, afirma Luciano.
“O nosso processo criativo é viver a cidade, andar antenado e ver o que podemos fazer”, diz Luciano. Desde 2010, a organização busca engajar pessoas a criar e executar ações que torne a o local onde vivem mais inteligente, conectado e divertido. “Desenvolver projetos para a cidade é quase como buscar na pessoa o que realmente a deixa feliz”, afirma Gabriel. ”Me parece que, desta forma, os projetos ganham mais vida.”
Um outro exemplo de criatividade a serviço da cidade foi o projeto “Porto Alegre, Paraíso do Golfe”, no qual gravaram um vídeo onde jogavam golfe nos buracos das ruas da cidade. A forma inusitada de chamar atenção para o problema deu resultado: depois da grande repercussão, todos os buracos foram tapados. Ao todo, já realizaram nove ações em Porto Alegre.
Até a abertura da Copa do Mundo, o Imagina na Copa vai contar 75 histórias de jovens que estão transformando o Brasil para melhor.
Leia também:
Pobre pedestre
Em Porto Alegre, hotel incentiva uso da bike entre os hóspedes
Propostas para construção do metrô de Porto Alegre são entregues