Expressão da moda nos planos de governo apresentados na eleição do ano passado, a Mobilidade Urbana se tornou prioridade - pelo menos, em tese -, para os prefeitos que assumiram mandatos no início de 2013.
O tema virou pauta principal do Consórcio Intermunicipal, presidido pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). O desafio agora é tirar as intenções do papel e colocar em prática ações para tentar destravar o trânsito e evitar que a simples tentativa de exercer o direito de ir e vir se torne um martírio na região.
O desafio é grande. A sensação de que há “muito carro, para pouca rua” é provada pelos números: A quantidade de veículos por habitante no ABCD é 15% superior ao da média da região metropolitana.
A estratégia para melhorar a locomoção de motoristas e usuários de transporte coletivo passa pela reorganização de linhas de ônibus, realização de obras viárias e integração tarifária. O Plano de Mobilidade Urbana, em processo de elaboração pelo Consórcio, é a grande aposta para evitar o colapso.
PLANO
Estudo feito no ano passado indicou 163 obras viárias consideradas importantes para tentar aliviar o problema de congestionamentos no ABCD, de acordo com avaliação das próprias prefeituras. Como tirar todas do papel é uma utopia, caberá às novas administrações filtrar as principais intervenções para tentar angariar recursos e viabilizar as obras.
Os secretários de Transporte da região vão definir as obras prioritárias que constarão no Plano de Mobilidade Regional. Uma vez selecionados, os projetos constarão de um projeto básico de Mobilidade, que será apresentado ao governo federal.
A ideia é conseguir angariar verbas de Brasília.
PRIORIDADE
Ainda mais importante do que os investimentos em obras viárias, é a melhoria no sistema de transporte coletivo do ABCD.
Para a coordenadora do Grupo de Trabalho Mobilidade Urbana do Consórcio, Andrea Brisida, a decisão de priorizar os investimentos em transporte público passa também por uma questão cultural.
“A gente tem que perder esse conceito de que tirar uma faixa de rolamento, seja para bicicleta, seja para transporte coletivo, atrapalha o trânsito. São os valores que a gente precisa absorver”, defende. “Precisamos ter consciência de que o automóvel não pode continuar sendo priorizado”, avalia.
COLETIVO
A readequação de linhas de ônibus na região e a integração tarifária são consideradas essenciais para melhorar o sistema de transporte coletivo no ABCD.
Diagnóstico que faz parte da primeira parte do Plano de Mobilidade Urbana chegou à conclusão de que há superposição entre linhas municipais e metropolitanas, além de desarticulação entre as redes municipais de transporte, que não foram pensadas para se conectarem.
Apesar de contar com bilhetagem eletrônica, o sistema de Santo André, por exemplo, não oferece integração.
CARROS
De acordo com dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), o ABCD possui 559,8 mil veículos. São Caetano é a cidade onde há mais veículos por habitante.
Ciclovias em pauta
O uso de bicicletas como meio de transporte ainda é tímido no ABCD. As cidades não possuem estrutura para atender de forma satisfatória os ciclistas.
Em Diadema, por exemplo, não há ciclovias, mas sim uma ciclofaixa de lazer, que liga o Taboão ao Campanário.
Em São Caetano há uma ciclovia, de dois quilômetros de extensão na avenida Presidente Kennedy, além de uma ciclofaixa na avenida Tijucussu.
Em São Bernardo há ciclovias nas avenidas Pery Ronchetti, Café Filho e João Firmino.
Em Ribeirão Pires há uma ciclofaixa que segue o percurso da avenida Brasil.
O Consórcio discutirá a implantação de ciclofaixas na região na próxima terça-feira (19).
Prefeitos traçam ações a curto e longo prazo
Novos gestores planejam medidas para tentar aliviar congestionamentos e melhoras sistemas de transporte coletivo, mesmo sem Plano Regional
Independentemente da criação do Plano Regional de Mobilidade, os novos governos da região planejam medidas a curto e longo prazo em prol de motoristas e usuários de ônibus.
Em São Caetano, a Prefeitura estuda elevar o número de agentes de trânsito, com foco de operação na principal e mais congestionada via da cidade: a Avenida Goiás.
“É uma avenida de um porte respeitável, porque tem um fluxo de veículos, não só de São Caetano. Se torna uma via de passagem de quem mora em outras cidades”, lembra o secretário de Mobilidade Urbana de São Caetano, Odair Mantovani. “Hoje estamos com 15 agentes, a ideia é ter mais agentes, não só na Goiás, mas em outras áreas também”, afirma.
ÔNIBUS
A estratégia do prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), para aliviar o tráfego de veículos nos horários de pico é construir uma minirodoviária. “A cidade é dividida em duas partes, a de cima, e a de baixo. Vamos construir uma minirodoviária provavelmente no ano que vem e vamos tirar 20% dos ônibus que circulam na parte central”.
Com a medida, os ônibus que circulam apenas pela parte alta da cidade não precisarão entrar no terminal principal, ajudando a aliviar o trânsito em vias como a rua Capitão José Gallo, e a avenida Kaethe Richers.
VIAS E TERMINAL
Uma das promessas de campanha de Donisete Braga (PT) é construir um novo terminal rodoviário em Mauá. O atual espaço é um dos principais problemas enfrentados pelos usuários de transporte coletivo.
“A nossa ideia seria construir um novo terminal rodoferroviário, mas a obra da estação central vai demorar muito. Nossa ideia é fazer uma reforma do terminal”, revela o prefeito de Mauá.
Um dos gargalos da cidade é a avenida Antonia Rosa Fioravante. O problema deve ser minimizado após a conclusão das marginais paralelas às avenidas Castelo Branco e Barão de Mauá.
CORREDORES
Uma das principais apostas de São Bernardo para melhorar o transporte é a construção de 12 corredores de ônibus. A obra vai contar com verbas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Avenidas como a Brigadeiro Faria Lima, Francisco Prestes Maia, Senador Vergueiro e Robert Kennedy contarão com espaços dedicados exclusivamente ao transporte coletivo.
PIRAPORINHA
O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), estuda uma série de intervenções na avenida Piraporinha para tentar aliviar o intenso tráfego de veículos.
“Queremos fazer o complexo viário do Boiadeiro, as alças de acesso à Imigrantes e outros projetos que estou levando para o governo do Estado”, explica o prefeito. “Vamos pedir para o governador entrar com alguma coisa para a nossa cidade”, afirma.
PROMESSA
O Bilhete Único é uma das principais promessas do prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), que deve ser concretizada nesse semestre.
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