Foi infeliz a declaração de Paulo Roberto Alves, presidente da Associação Ciclística da Zona Sul (ACZS) ao jornal Metro (veja a reportagem), onde ao falar da ciclovia da Rua Sete de Setembro, em Porto Alegre, afirmou que pedestres que utilizam a ciclovia para caminhar devem ser penalizados.
Foi uma declaração infeliz pois o pedestre possui a preferência no trânsito sobre todos os outros veículos (inclusive bicicletas) e também deveria possuir a prioridade no planejamento urbano, segundo o próprio Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA). Mas não é de fato o que acontece.
Os pedestres já utilizam aquele espaço para caminhar há decadas, muito tempo antes de haver ciclovia, e o utilizam pois as calçadas não são adequadas para o intenso fluxo de pedestres que há na região. Se o PDDUA fosse seguido à risca, antes mesmo de fazer ciclovia, a administração municipal teria ampliado as calçadas e ter dado as condições para os pedestres circularem com conforto e segurança. Mas isso não foi feito, afinal, é de notório saber que a administração municipal não gosta muito de cumprir as leis. Como o próprio Vanderlei Capellari, diretor presidente da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) gosta de dizer: “Lei tem várias”.
Na verdade, a atual administração municipal, do sr. José Fortunati, inverteu todas as prioridades. O pobre pedestre se vê cada vez mais literalmente embretado, com cercas que impedem sua livre circulação, forçado a caminhar maiores distâncias, já que a EPTC está com a mania de remover semáforos e faixas de segurança das esquinas e colocá-los mais para o meio da quadra; e ainda por cima quem caminha tem cada vez mais o seu espaço reduzido, a administração Fogaça/Fortunati abriu um estacionamento na Praça XV de Novembro, permitiu o estacionamento em cima do Largo Glênio Peres, está reduzindo as calçadas na Andrade Neves, vai fazer estacionamento para 100 carros em cima da praça Júlio Mesquita (em frente ao Gasômetro), removeu um pedaço do Parque Marinha para duplicar a Av. Beira Rio, e assim por diante.
Pobre pedestre. E o pior de tudo, em um momento ou outro, somos todos pedestres.
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