Quatro grandes ideias para revolucionar o transporte

O evento Transforming Transportation, realizado em Washington (EUA) por Embarq e Banco Mundial, trouxe lições essenciais para se atingir a meta do transporte sustentável

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Fonte: WRI Insights / The City Fix Brasil  |  Autor: Sarah Parsons  |  Postado em: 21 de janeiro de 2013

Nova Iorque optou pela reurbanização da Times Squa

Nova York optou pela reurbanização da Times Square

créditos: Aterix611

 

Com o final da 10ª edição do Transforming Transportation, realizado pela Embarq e Banco Mundial, na última semana, em Washington DC, algumas lições ficam para alavancar o transporte sustentável no momento crítico de mobilidade em que vivemos. Abaixo, um resumo de quatro grandes ideias discutidas durante a conferência e destacadas pelo prefeito de NY, Michael Bloomberg, e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

 

Kim, presidente do Banco Mundial, e Bloomberg, prefeito de Nova York, participaram de um painel na conferência Transforming Transportation 2013, evento co-organizado pelo Banco Mundial, Embarq e o centro de transporte sustentável do WRI-Instituto de Recursos Mundiais. O debate foi moderado por Zanny Minton Beddoes, editora da The Economist, e encerrado pelo presidente do WRI, Dr. Andrew Steer. 

 

Kim e Bloomberg tocaram no ponto fundamental de como moldar o futuro do transporte urbano. Bloomberg, um líder em negócios, governo e filantropia, causou enorme impacto sobre a cidade de Nova York. Kim traz uma perspectiva de saúde pública e internacional, e agora, no Banco Mundial, centra-se em antecipar a meta de redução da pobreza e aumento da “prosperidade compartilhada” em todo o mundo.

 

Apesar de suas origens diferentes, os dois compartilhavam a ideia de que o transporte sustentável vai além de veículos em movimento e infraestrutura. Na sua essência, o transporte é melhorar a saúde e a qualidade de vida para as pessoas.

 

Também palestraram no evento Toni Lindau, diretor da Embarq Brasil; Adriana Lobo, uma brasileira na liderança da Embarq Mexico; e Bernardo Baranda, diretor regional do ITDP - Institute for Transportation and Development Policy (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento). Eles falaram no painel sobre transporte público na América Latina, ao lado de outros especialistas da região.


Momento crucial para o transporte sustentável

Como observaram Kim e Bloomberg, o mundo está se movendo de forma insustentável, literalmente. Cerca de 1,3 milhões de pessoas morrem a cada ano em consequência de acidentes de trânsito. Na maioria das cidades, o transporte motorizado é responsável por 80% da poluição do ar local. E com a expectativa de que 70% da população viva em cidades em 2050, esses problemas urbanos tendem a piorar.

 

Então, agora é um momento especialmente crucial para discutir o transporte sustentável. “Se você conseguir um transporte ‘verde’ correto, ele se paga em termos de economia, em termos de ambiente, e em termos de saúde e bem-estar”, disse Steer. “É uma maravilhosa relação ganha-ganha-ganha”.

 

Da esquerda para a direita: Kim, Bloomberg e Steer durante o TT 2013. (Foto: Embarq)

 

Como “acertar”, porém, é uma questão pesada e sem respostas claras. Kim e Bloomberg lançaram algumas ideias durante a discussão no TT 2013:


QUATRO CAMINHOS PARA ALAVANCAR O TRANSPORTE SUSTENTÁVEL

1)      Educar a população

Ajudar a população a entender como o transporte sustentável a beneficia é fundamental para gerar aceitação para sistemas de metrô, BRTs, ciclovias e outras infraestruturas, disse Bloomberg. Ele deu o exemplo de Nova Iorque, uma cidade cujas emissões de gases de efeito estufa são a metade da média nacional. A cidade mapeia os locais onde as crianças têm ataques de asma, descobrindo que a maioria coincide com locais de grandes avenidas e interestaduais. De uma maneira muito visual e atraente, essa medida mostra os benefícios que a caminhada, o ciclismo e o transporte público oferecem.

 

2)      Repensar as ruas

“As ruas são projetadas para mover as pessoas e não, necessariamente, para mover automóveis”, disse Bloomberg. “Então você pode querer usar as suas ruas com outros meios de transporte.”

Bloomberg fez exatamente isso em Nova Iorque, transformando a via principal que atravessa Manhattan – da Times Square a Herald Square – em calçadas para pedestres. Embora os defensores do carro reclamassem no início, o movimento acabou beneficiando a economia local. Segundo Bloomberg, as calçadas servem como uma atração turística e impulsionam o movimento para lojas na área.

 

3)      Olhar para o mundo em desenvolvimento

Os sistemas de transporte sustentáveis aumentam a mobilidade, mas também podem aliviar muitas questões ligadas a qualidade de vida nas nações em desenvolvimento. “Nos países mais pobres, se pudermos levar transporte limpo, eficaz e acessível não só iremos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e engarrafamentos, mas também daremos às pessoas uma oportunidade de ter um emprego e uma vida”, disse Kim.

O Banco Mundial está trabalhando com a liderança de renda da China para avaliar as inovações de transporte no país e em outras nações. Kim afirmou que o Banco, então, usará essa análise para recomendar um caminho a seguir.

 

4)      Compartilhar conhecimento

As cidades – no lugar de estados ou governos nacionais – têm, historicamente, liderado o caminho do transporte sustentável, já que o planejamento de trânsito depende das circunstâncias específicas de cada centro urbano. As cidades podem, no entanto, aprender uma com a outra e, por sua vez, ajudar a aumentar os sistemas de transporte sustentáveis em todo o mundo.

O Grupo de Cidades C40 de Liderança Climática, uma rede de megacidades, liderada pelo prefeito Bloomberg, promove a partilha de conhecimentos. “Sob a estrutura do C40, tentamos encontrar as coisas que cada cidade fez e ter certeza de que outros prefeitos saberão sobre elas e como elas podem ser aplicadas às suas cidades”, disse Bloomberg. (O WRI, por meio da EMBARQ, acabou de assinar um Memorando de Entendimento para trabalhar em parceria com o C40 sobre questões de transporte sustentáveis).

 

Bloomberg durante a conferência, ao lado da moderadora Zanny Beddoes. (Foto: Embarq)

 

“Todo mundo olha para as cidades e diz que elas são tão complicadas, confusas, e multi-setoriais”, disse Steer. “A mudança pode vir muito mais rápido e mais fácil se você tem o tipo certo de liderança e soluções.”


O futuro do transporte sustentável

Como serão os sistemas sustentáveis de transporte urbano do futuro e se eles vão mesmo ser implementados ainda são questões incertas. Mas um ponto do evento foi absolutamente claro: os sistemas de transporte sustentáveis devem ser um componente crucial no planejamento da cidade para que tanto as pessoas como o planeta prosperem.

 

“Se as coisas forem mal, quando o meu filho de três anos tiver a minha idade, os oceanos serão 150% mais ácidos, os recifes de corais terão derretido, a pesca será completamente afetada, e todos os dias, ocorrerão lutas por alimento e água em algum lugar do mundo”, disse Kim. “Trabalhar com o transporte é parte da responsabilidade moral que temos para as cidades de hoje e para as gerações futuras”.

 

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Comentários

Milda - 28 de Janeiro de 2013 às 17:24 Positivo 1 Negativo 0

Acho que não adianta conscientizar só as pessoas.O poder público tem que dar exempl. Para as pessoas caminharem mais elas precisam de condições mais favoráveis, como boas calçadas, sinais de trânsito. Isso que fizeram em New York é um ótimo exemplo!

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