Um problema de todas as cidades do Brasil: calçada. Uma em cada cinco vítimas de quedas, atendidas no Hospital de Clínicas de São Paulo, cai nas calçadas da cidade.
Falta manutenção, e a culpa não é só do governo. A responsabilidade é do dono do imóvel. O novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quer rever uma lei que multa os donos que não cuidam das próprias calçadas. A multa vai continuar, mas a prefeitura quer orientar os cidadãos para que eles aprendam de vez a preservar o passeio público.
É difícil andar pelas cidades brasileiras. São calçadas com buracos, obstáculos, degraus. “A gente que tem certa idade, é pior ainda. Vou me equilibrando, senão eu caio”, conta Daniel de Moraes, aposentado. “É muito difícil, tem que ficar atravessando de um lado para outro para desviar das barreiras, construção, lixo. É horrível”, afirma Fernanda Maria Ferreira, fonoaudióloga.
Uma cadeirante desce pela rua em pleno Centro de São Paulo porque é impossível usar a calçada. Tem muita coisa impedindo a passagem dela: dois postes, um orelhão e uma árvore. “Não dá para passar. Tem buraco, eu vim pela rua mesmo”.
No Centro de São Paulo, faltam vários pedaços do piso e um buraco muito grande, bem na frente de um ponto de ônibus, dificultam a entrada e saída de passageiros. “Eu vinha com a minha filha e desci do ônibus, pisei bem no buraco e cai. Fiquei três dias com o pé imobilizado. É um absurdo”, conta Andrea Silva, vendedora.
Na cidade de São Paulo, a lei prevê multa para os donos de imóveis que não consertam a própria calçada. Mas o novo prefeito quer orientar e ajudar os cidadãos para que as calçadas sejam de fato consertadas, antes da multa. Uma possibilidade é a prefeitura contratar o serviço de correção e oferecer ao cidadão a um custo mais baixo.
Uma em cada cinco vítimas de queda sofre o acidente em calçadas, segundo um estudo feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo. E o salto alto não é o vilão da história. Só 8,5% das pessoas que caíram usavam salto. A maior parte estava de tênis.
“Praticamente todas as cidades brasileiras, pequenas, médias, grandes capitais, todas elas enfrentam o mesmo problema da falta de cuidado na construção e principalmente na manutenção das calçadas”, explica Marcos de Sousa, coordenador da Campanha Calçadas do Brasil.
Em Recife, os cadeirantes também sofrem. Manaus é outro exemplo de cidades em que os pedestres correm risco. “Uma cidade com calçadas confortáveis, que você pode andar tranquilamente, sendo respeitado, é uma cidade civilizada, que acolhe bem e respeita seus cidadãos”, diz Marcos de Sousa.
A prefeitura de Recife afirmou que as calçadas são de responsabilidade dos donos dos imóveis. Em Manaus, a prefeitura disse que vai iniciar um projeto de recuperação das calçadas.
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