Os impactos causados pela construção do veículo leve sobre trilhos (VLT) em Goiânia foram apresentados ontem à Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana. O relatório, elaborado por um grupo de estudo multidisciplinar da Prefeitura que inclui as Agências do Meio Ambiente (Amma); Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT); Planejamento (Seplan); Desenvolvimento Econômico (Sedem), além da Procuradoria-Geral do Município e da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), apresentou os problemas. As soluções, entretanto, deverão ser elaboradas pelo próprio Estado e pelas parceiras público-privadas.
O VLT será implantado na Avenida Anhanguera, por onde hoje passa o Eixo-Anhanguera, e a licitação deve ser aberta em duas semanas, como mostrou matéria do HOJE, na edição de terça-feira (18). As obras terão início entre meados de fevereiro e março. Apesar disso, o projeto não apresentava, segundo o grupo de estudo, descrição de impactos econômicos e de trânsito.
“Hoje, a Avenida Anhanguera possui 53 cruzamentos, que serão reduzidos a 35. Não foi analisado pelo Estado, entretanto, como serão feitos os desvios. Outros problemas foram encontrados, como a drenagem necessária na Avenida Anhanguera. Hoje, se chove, trechos ficam alagados. Se isso acontecer com o VLT, ele deixa de funcionar. Não para um trecho, para por completo. Tivemos muitas análises e fomos bem recebidos pela Secretaria Metropolitana. Eles receberam nossa avaliação de forma a ser realmente uma contribuição para a cidade”, explicou o engenheiro da CMTC, Benjamin Kennedy.
O secretário da Metropolitana, Sílvio Sousa, afirmou que todos os pontos foram muito bem recepcionados e tudo que foi discutido será avaliado. “O que tiver de ser alterado, seja no edital de licitação, seja na execução das obras, será feito. A drenagem, por exemplo, foi algo que pensamos depois que o projeto estava pronto. A AMT nos passou, por exemplo, sinalizações para que os novos semáforos tenham sistemas que sejam compatíveis com os atuais”, completou.
Investimento
Com custo estimado em R$ 1,3 bilhão, o VLT será construído por meio de uma parceria público-privada (PPP). O governo do Estado, federal – com recursos do PAC da Mobilidade – e a iniciativa privada arcarão com o custo total. Os trilhos ocuparão o trecho que atualmente é ocupado pelo Eixo Anhanguera e serão implantadas ciclovias e calçadões. Com 30 trens, de duas composições cada, os trilhos terão um novo transporte que deverá alcançar uma média de 23,5 km/hora.
O sistema terá controle inteligente de semáforos, permitindo que o VLT tenha o próprio controle de paradas. Com isso, haverá diminuição de tempo por quilômetro rodado entre uma estação e outra, com intervalo entre os trens seja de 3 minutos. O tempo de viagem, entretanto, será reduzido de 72 para 36 minutos em um percurso de 13,6 quilômetros.
Dois terminais terão de ser reconstruídos
As 19 estações atuais serão substituídas por outras 12, sendo que algumas serão reformadas e outras serão construídas, como uma subterrânea na BR-153. O trajeto permanecerá idêntico, com ligação dos terminais Padre Pelágio e do Novo Mundo. Segundo o relatório apresentado ontem, serão eliminadas as estações: Iquego, Cascavel, 24 de Outubro, Botafogo, Vila Morais e Anhanguera.
Os terminais Praça A e Novo Mundo serão reconstruídos. Já o ponto Capuava e o Terminal Praça da Bíblia terão integrações com shopping, supermercado e unidades universitárias. O projeto prevê ainda rampas de acessibilidade com 7% de inclinação, facilitando o acesso a quem tem mobilidade reduzida.
Questões ambientais
O relatório da Prefeitura solicita ao Estado atitudes que devem ser tomadas em relação ao meio ambiente. Entre as ações: mapeamento das posições e características das redes de abastecimento de água, energia elétrica, telefonia, drenagem, esgoto sanitário e cabos de fibra ótima. Foi solicitado ainda um plano de gestão de resíduos (durante e pós a obra).
Mobilidade e economia
A Secretaria Metropolitana deverá ainda pensar no aspecto de integração do VLT com outros modais como automóveis, táxi, bicicleta. Acessibilidade para pedestres também é um ponto considerado importante.
No quesito economia, deverão ser observados aspectos como o mapeamento e o diagnóstico de atividades comerciais ao longo do eixo, sejam elas formais ou informais. Deve existir um plano de ação para retirada/suspensão do funcionamento do comércio ao longo da obra. O grupo sugeriu ainda que haja prioridade para atores já instalados ao longo do Eixo. O secretário explica que os trechos de 200 metros são construídos em 15 dias. Assim sendo, a ideia é que os lojistas sejam avisados antecipadamente das interrupções.
Plano de Urbanismo deverá ser integrado
O projeto do VLT deve integrar outros projetos em andamento como o Macambira-Anicuns, calçada sustentável e bicicletas públicas. É sugerido que se elabore também um“Plano de Reabilitação Integrada para o Centro de Goiânia e para o Bairro Campinas, destacando intervenções no eixo Anhanguera que levem em consideração as particularidades dos diferentes trechos da área de interesse histórico cultural.
Quando o assunto é transporte, a Prefeitura solicitou relatórios que especifiquem o carregamento máximo do transporte estabelecendo comparativos com o atual sistema. Além disso, o relatório deve conter um detalhamento de eficiência no transporte e economia operacional comparados ao automóvel particular, táxi e bicicletas. O estudo precisa relacionar ainda formas de possíveis integrações direta e indireta com o BRT Norte/Sul e o sistema VLT Leste/Oeste. Por fim, as questões tarifárias devem ser descritas, especialmente para usuários de outros municípios.
Sílvio Sousa garante que o valor será reajustado apenas ao atual valor do transporte coletivo em geral. “O que temos hoje no Eixo Anhanguera é uma tarifa social. Isso significa dizer que o Estado arca com 50% do valor e a população paga apenas o restante. Com o VLT, a população pagará o valor integral. Ainda assim o cidadão terá benefícios porque o valor a ser pago pela qualidade do serviço deveria ser, em média, R$ 5, mas nós cobraremos apenas R$ 2,70, valor que subirá proporcional à toda a rede”, finalizou.
O secretário disse ainda que, durante as obras, o Eixo Anhanguera funcionará normalmente, mesmo que tenha de sair da linha e trafegar por vias paralelas à Anhanguera. Só será extinto quando o VLT for entregue.
Apresentação reuniu nomes do Estado e Prefeitura
Participaram da reunião: o presidente da CMTC, José Carlos Xavier; assessora jurídica da CMTC, Maria do amparo de Jesus; secretária do Grupo, Cínthia Machado; coordenador do programa de transportes, Benjamin Kennnedy; procurador-geral do município, Reinaldo Barreto; chefe de gabinete da PGE, Damir Batista; secretário da Seplam, Lívio Luciano; diretor de ordenamento e ocupação do solo, Alberto Aureliano; presidente da AMT, Senivaldo Silva; diretor de projetos de trãnsito, Sérgio Sousa; analista de obras e urbanista Carlos Alberto Miranda; engenheiro Joaquim Jayme; presidente da Amma, Mayza Constantino; gerente de avaliação e licenciamento ambiental, Célia Maria Mota; diretor de controle das atividades informais da Sedem, Vinícius Santana; gerente de desenvolvimento de projetos do Setransp,Milton Guedes, além de representantes da equipe técnica e do secretário da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Silvio Sousa.
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