Orçada em R$ 3,1 bilhões, a linha 17 - Ouro do Metrô, que ligará o Jabaquara ao Morumbi, enfrenta mais um problema para ser concluída: falta de dinheiro. O monotrilho que seria construído com recursos da Copa do Mundo 2014 vai perder o montante de R$ 1,082 bilhão e faz o governo do Estado correr em busca de novo financiamento federal para não paralisar a obra.
Incluída na primeira versão da Matriz de Responsabilidade pelo governo de São Paulo como sendo investimento em mobilidade para a Copa do Mundo, tinha previsão de ser concluída antes do Mundial, mas não vai acontecer. Problemas com licenciamento ambiental e desapropriações fizeram os trabalhos tardarem a iniciar, resultando em perda de tempo irreversível: só vai ficar pronta depois da Copa, como admitiu o governador Geraldo Alckmin no começo de novembro.
Dessa forma, não há mais como manter o financiamento federal com os recursos destinados às obras da Copa, sendo que não será concluída a tempo para o Mundial nem terá impacto direto na chegada dos torcedores ao estádio, em Itaquera. Diante desses problemas, o governo de São Paulo teve que recuar e pedir a retirada da obra da Matriz de Responsabilidade, colocando em risco a conclusão do monotrilho.
A linha Ouro entrou no financiamento porque o governo do Estado previa que o Estádio do Morumbi seria a arena de São Paulo na Copa do Mundo. Com a mudança para a Arena Corinthians, em Itaquera, a exclusão automática deveria ter ocorrido, mas não aconteceu porque Alckmin insistia que era uma obra da Copa.
Questionado sobre o assunto pela reportagem do R7 em setembro, o Comitê Paulista da Copa afirmou que “a premissa [perder o financiamento] era errada”, que a linha Ouro “cumpre função estratégica” para a cidade e que “a Copa do Mundo não ocorre apenas no estádio”.
— É um engano pressupor que a linha 17 - Ouro não deve contar com recursos da Caixa destinados às obras de infraestrutura para a Copa por “não influenciar na chegada de torcedores ao estádio”.
Já o Metrô, em nota ao R7, afirmou o contrário do Comitê Paulista, aumentando a lista de contradições no governo estadual sobre as obras da Copa.
— Ainda que todos os esforços estejam sendo realizados para que a Linha 17 - Ouro possa iniciar sua operação antes da Copa do Mundo, não é uma obra necessária para que o evento ocorra.
Dessa forma, resta ao governo do Estado buscar novo investimento do governo federal, em outra linha de crédito, já que a verba destinada às obras da Copa não pode ter outro destino.
Para buscar esse valor (R$ 1,082 bilhão), São Paulo terá que avaliar seu endividamento. Caso esteja perto do limite da dívida pública, não poderá contrair novos recursos e corre o risco de ter a obra paralisada, explica o ministro Valmir Capelo, do TCU.
— Havendo alteração contratual referente aos cronogramas de liberação e pagamento, impactantes em exercícios financeiros distintos dos já avençados poderão existir complicações em nova consulta a ser realizada. Na confirmação dessa hipótese, restará uma obra milionária, inacabada e sem recursos para completá-la.
Para evitar a paralização da obra, o governo de São Paulo vai buscar novo financiamento federal, segundo o Metrô.
— O governo do Estado de São Paulo pleiteará a manutenção do financiamento federal, por meio de outra linha de crédito, o qual se justifica pela importância da obra para a população da metrópole.
Questionado sobre novos atrasos na obra por causa do refinanciamento, o Metrô descartou novas paralisações.
— A saída da linha 17 - Ouro da Matriz de Responsabilidades não altera o cronograma da obra.
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