Rio Preto 'desperdiça' 16 km de ciclovias

Cidade tem áreas em avenidas que poderiam se transformar em pistas para bicicletas sem grandes obras

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Fonte: Rede Bom Dia  |  Autor: Luciano Moura  |  Postado em: 29 de novembro de 2012

Exemplo de ciclovia em Buenos Aires

Exemplo de ciclovia em Buenos Aires

créditos: Gisele Brito

 

Rio Preto  tem espaço  para construir pelo menos mais seis ciclovias nos canteiros centrais de avenidas  movimentadas sem ter de fazer grandes intervenções.

 

O município conta hoje com apenas  sete quilômetros de ciclovias. São cinco quilômetros na avenida Philadelpho Gouveia Netto e  dois quilômetros  no Lago 3 da Represa Municipal. Os locais  são usados pela maioria apenas para lazer.

 

Avenidas como Alberto Andaló, Bady Bassitt, Murchid Homsi, Brasilusa, José Munia e Juscelino Kubitschek, que contam com canteiros centrais largos e maior fluxo de veículos, são locais viáveis e que não demandaria alto custo, segundo especialistas.

 

Fernandópolis é um exemplo. O canteiro central da principal avenida da cidade foi transformado em uma ciclovia de 1.600 metros. Goiânia, capital de Goiás, também fez o mesmo em grandes vias. 

 

O custo do metro linear pago na implantação da ciclovia de Fernandópolis foi de  R$ 156. Estudo  da Aeerj (Associação das Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro) também aponta que o metro linear custa entre R$ 109 e R$ 160.

 

Isso significa que para Rio Preto construir mais 16 quilômetros de ciclovias, o custo seria de aproximadamente R$ 2,5 milhões.  O valor equivale a menos de 1/3  dos R$ 12  milhões que a prefeitura deverá desembolsar este ano em  subsídios ao transporte público.

 

A engenheira de transportes Brenda Medeiros, que é coordenadora de projetos da Embarq Brasil, afirma que, apesar de a cidade estar situada em uma das regiões mais quentes do estado, é totalmente viável a construção de mais ciclovias. “Além de estimular o transporte não motorizado é preciso também melhorar o transporte urbano criando uma integração. As empresas e a prefeitura também têm de fazer a parte delas, criando estacionamentos para as bicicletas e vestiários para os funcionários se trocarem por causa do calor.”

 

Mais

Para o arquiteto e ambientalista Marco Aurélio da Costa, não basta apenas implantar  ciclovias como mecanismo para promover o transporte alternativo em Rio Preto.

 

Segundo ele, a estrutura da cidade, principalmente por causa das ruas estreitas, não comporta ciclovias em todas as regiões, mas  uma solução seria o sistema consorciado entre ônibus e bicicleta. 

 

“É o que muitas cidades visionárias já fazem. Santos tem a bicicleta social, onde é possível se cadastrar e usar bicicletas públicas de graça, com total integração com ônibus. Agora, em Rio Preto foi perdida a oportunidade de incluir esse sistema na licitação do transporte coletivo. O uso de bicicletas integrado ao transporte coletivo é facilmente viável e desafogaria o trânsito.”

 

O arquiteto ponta  que outra ação para incentivar o uso de bicicletas na cidade seria arborizar o Centro para o microclima ficar mais ameno. “Mas ainda não basta. Por causa do ego das pessoas, muitos não iriam abrir mão do carro para pedalar. Isso é uma questão cultural, que precisaria de anos, talvez de gerações para mudar. Mas o trabalho deve começar já, falando da importância deste meio nas escolas e oferecer incentivos”, diz ele.

 

Pessoas que pedalam/A auxiliar de enfermagem Ivone Marques de Souza Ribeiro, de 48 anos, vai de bicicleta trabalhar no Hospital Bezerra de Menezes. Ela faz o percurso de aproximadamente 10 quilômetros do  bairro Cidade Jardim ao Jardim Explanada. “Apesar de os motoristas respeitarem os ciclistas, o trânsito de Rio Preto é  perigo.”

 

O pedreiro Claudemir Donizete Barbosa, 45, precisou, ontem à tarde, usar a  calçada para conseguir passar pela avenida Alberto Andaló de bicicleta. 

 

Garrafas Pets

Quando se fala em transporte ecologicamente correto, a bicicleta é o primeiro veículo que vem em mente. No entanto, o artista plástico uruguaio Juan Muzzi decidiu ir além e construiu um modelo feito  de garrafas pets. 

 

A Muzzicycles iniciou a produção do veículo em 2000 e fabrica em média 15 mil bicicletas por mês. “O projeto é autossustentável, sem uso de tintas ou solda e consume menos minério de ferro e bauxita .” 
Os modelos variam de R$ 420 a R$ 3 mil. Os interessados podem comprar a bicicleta pelo site www.muzzicycles.com.br com Bruno Gilliard.

 

Prefeitura diz que projeto prevê ciclovia na zona norte

A Prefeitura de Rio Preto não possui projetos de ciclovias para as principais avenidas da cidade como Alberto Andaló, Bady Bassitt e Murchid Homsi. 

 

Segundo a assessoria do prefeito, não há um projeto de ciclovia exclusivo para desafogar o trânsito. A previsão é de construir uma ciclovia em um dos acessos à zona norte. A obra está prevista no projeto de mobilidade urbana, que está em análise no governo federal. 

 

O secretário de Comunicação, Dedoro Moreira, não soube precisar o local porque o projeto é conduzido pelo secretário de Planejamento, Milton Assis, que estava em Brasília ontem. O BOM DIA tentou entrar em contato com Milton Assis, mas ele não atendeu as ligações. 

 

“Projeto de ciclovia para avenidas não tem. Mas tem algo relativo à zona norte”, disse Deodoro ontem. Outras ciclovias vão ser construídas nas avenidas José Munia, no prolongamento da Alberto Andaló, e na avenida Juscelino Kubitschek, extensão da Bady Bassitt. 

 

No entanto essas intervenções serão para lazer, assim como as que foram realizadas na gestão atual de Valdomiro Lopes (PSB). A prefeitura construiu sete quilômetros de ciclovias em parque ao lado da avenida Philadelpho Gouveia Netto e no Lago 3 da Represa.

 

Mais veículos do que gente

Em sete anos, Rio Preto terá mais veículos do que gente. Se mantido o crescimento atual da frota e da população, em 2019 a cidade terá 442 mil habitantes para 445 mil veículos.

 

Lei que prevê motovia está na gaveta desde 2009 

Rio Preto não tem ciclovia em avenidas e as motovias previstas em lei sancionada em 2009 nunca saíram do papel. A lei 10.395, de autoria do vereador Antonio Carlos Parise (PTB), foi aprovada há quase três anos e meio. A faixa preferencial para os motociclistas seria implantada primeiro na avenida Philadelpho Gouveia Netto, mas a lei  segue  na gaveta.

 

Exemplo na Baixada Santista

O projeto de empréstimo de bicicletas “Bike Santos” começa a funcionar hoje na Baixada Santista. Cerca de 150 bicicletas serão oferecidas à população em  15 estações espalhadas pela cidade.  O projeto realizará o empréstimo gratuito desde que o usuário se cadastre no site do projeto. As bikes poderão ser retiradas diariamente das 6h às 22h  e precisam ser devolvidas até meia noite. A liberação das bicicletas na estação é feita por meio de um aplicativo para smartphones ou por telefone.

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