Obras para reduzir o tempo de viagem e o número de acidentes em linhas férreas são os próximos investimentos da Supervia, a operadora dos trens urbanos da RM do Rio de Janeiro. Segundo publicado na imprensa no começo de outubro, a empresa prevê aplicar R$ 200 milhões, oriundos de empréstimo do Banco Mundial, para substituição das passagens de nível (cruzamentos de ruas e avenidas com linha de trem) por novas passarelas, viadutos e muros.
Até aí, nada a obstar. O problema é que, procurada pela reportagem do Informe IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência), a concessionária que não soube informar se as novas instalações serão acessíveis para a pessoa com deficiência - apesar de a empresa assegurar que o assunto “é prioridade na nova gestão da Supervia”. O projeto que prevê os investimentos de segurança será finalizado até o início de 2013, com o prazo de execução de dois anos.
“Estamos transformando o trem em um serviço de alta qualidade, proporcionando conforto, segurança e eficiência aos passageiros”, declarou em nota o diretor de operações da Supervia, João Gouveia. Segundo a assessoria da empresa, está em andamento um programa de investimentos de R$ 2,4 bilhões, divididos meio a meio entre a concessionária e o governo do estado, para a “revitalização total do sistema”.
“Espero que as promessas sejam cumpridas. Mas, por enquanto, continua sendo prestado um serviço de péssima qualidade aos passageiros. Os atrasos são constantes, as estações não são acessíveis, não há segurança nos trens. É um descaso total”, reclama ao IBDD o usuário João Antunes, cadeirante que utiliza diariamente os trens do ramal de Belford Roxo.
A má situação dos trens SuperVia vem se tornando pauta em diversos veículos de comunicação. Em resposta, a empresa alega que todas as suas 99 estações ferroviárias serão reformadas até 2020 para atender aos padrões de acessibilidade, em um aporte de R$ 150 milhões.
“Não é possível aceitar que o Rio de Janeiro organize os Jogos Paralímpicos de 2016, maior evento esportivo internacional de pessoas com deficiência e não se apresente como uma cidade acessível”, avalia Teresa d’Amaral, superintendente do IBDD.