A inexistência histórica de projetos para garantir a fluidez de veículos em ruas e avenidas dificulta a mobilidade e causa problemas como a falta de vagas no centro –e o alto custo de estacionamentos privados–, além de congestionamentos em horários de pico.
O problema é agravado com a frota local, que cresceu 96,19% nos últimos dez anos, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) –passou de 224.190 veículos, em 2002, para 439.833, em julho deste ano.
Comparando com cidades médias do Estado, Ribeirão é líder na relação habitante/carro, com um para cada 1,39 morador, à frente de Santo André (1,48) e São Bernardo do Campo (1,55). Procurada, a prefeitura não comentou.
Especialista em direito de trânsito, Adhemar Gomes Padrão Neto, presidente da ABSV (Associação Brasileira para a Segurança Veicular), afirmou que, historicamente, o problema é de gestão.
“Não há gerenciamento eficiente do trânsito porque, geralmente, nomeia-se um gestor que não tem conhecimento na área, que não é expert. As nomeações são políticas e isso prejudica.”
Ele diz que, ao longo de décadas, nenhuma medida de impacto foi tomada para favorecer o trânsito de Ribeirão e que, para compensar, é preciso um grande estudo para identificar e sanar os problemas.
Administrada hoje pela prefeita Dárcy Vera (PSD), candidata à reeleição, a cidade foi governada nos últimos anos também por políticos dos principais partidos de Ribeirão: PSDB (gestões de Welson Gasparini e Roberto Jábali) e PT (Gilberto Maggioni –hoje no PTB– e Antonio Palocci). Essas três siglas disputam as eleições neste ano.
Três dos seis candidatos à Prefeitura de Ribeirão propõem a criação de corredores exclusivos para ônibus, enquanto dois pregam o surgimento do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) como solução para o trânsito local.
O professor Jorge de Azevedo Pires, 82, ex-diretor do Comur (Conselho Municipal de Urbanismo), diz ter feito, desde 1991, propostas para o setor, sem ser ouvido. “O poder público não tem interesse em ouvir o cidadão.” Para ele, a verticalização de estacionamentos na região central ajudaria a reduzir o impacto da falta de vagas.
Reportagem publicada pela Folha em abril apontou que o valor cobrado por hora para estacionar no centro superava até os preços praticados na capital e em shoppings. Em junho, o jornal mostrou que o motorista já pagava até R$ 320 por mês por vaga.
Como na Capital
O congestionamento nas principais ruas e avenidas em horários de pico também é outra dificuldade, agravada em épocas de chuva.
“As vias são as mesmas de décadas, mas a frota só sobe. Como se resolve? Com investimentos e muito planejamento, o que não ocorre em Ribeirão”, diz Padrão Neto.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress